segunda-feira, 1 de julho de 2013

BAHIA HISTÓRICA:O 2 DE JULHO



O caboclo e a cabocla,representando o povo brasileiro

O DOIS DE JULHO

Era no dois de julho

A pugna imensa
 travava-se nos cerros da Bahia...

Assim começa o belo poema de Castro Alves “ODE AO DOIS DE JULHO”,que celebra as lutas pela independência da Bahia,em 1822.Os portugueses se recusavam  a largar o osso e continuavam aqui,mandando e desmandando,mesmo após o Sete de Setembro.
O confronto estava nas ruas,principalmente,do Nordeste,ocupado pelo governador militar português,Inácio José Madeira de Mello,o”Madeira Podre”,como os baianos o chamavam.Salvador estava cercada por tropas leais ao Reino e nosso exercito,pobre,desarmado e faminto,teve que se valer de mercenários que lutavam por dinheiro e da população humilde,porém,destreinada,que lutava por amor e convicção.
Depois que as tropas de Madeira invadiram o Convento da Lapa,matando o Capelão e a Madre Abadessa Joana Angélica,que saiu em defesa do Convento,os ânimos acirraram-se mais ainda e o cerco aos portugueses se intensificou.A luta espalhou-se pelo Recôncavo,rica região açucareira e fumageira,banhada pelo Rio Paraguaçú,encabeçada por Cachoeira,”A Heróica”,elevada a capital oficiosa da Bahia;de lá,partia a resistência.
Ainda Castro  Alves:”O mundo perguntava,erguendo um grito,qual dos gigantes mortos,rolará?”
Vindos do interior,pessoas simples,como os vaqueiros conhecidos como”Encourados de Pedrão,”os sertanejos que formavam o batalhão do Príncipe ou Batalhão dos Periquitos,por causa do verde amarelo das fardas,batalhão criado pelo avô do poeta Castro Alves,José Antonio da Silva Castro, o Periquitão,  que teve um papel preponderante na nossa vitoria,lutavam com coragem.
Homens como Pedro Labatut, o Almirante inglês Lord Cochrane, Barros Falcão concretizaram nossa independência expulsando os lusos que eram cerca de 60000 homens  contra   2500 homens nossos,mal armados e mal alimentados,mas,cheios de um fogo que não se apagava,um amor pela pátria nascente e o desejo de liberdade.
Desse cadinho de raças surgiu a fantástica figura de Maria Quitéria de Jesus Medeiros,mulher,analfabeta,filha de português,que alistou-se no exercito vestida de homem e,com seu pequeno grupo aprisionou Trinta Diabos,um capitão de Madeira,temido por todos pela violência e maldade,numa refrega na Ilha de Itaparica.
Ao levá-lo a Barros Falcão,este lhe disse,assustado:

-Mas,é o Trinta Diabos!?

Ela falou: -E eu sabia!?Prá mim era só um maroto inimigo.

Uma palavrinha sobre um quase garoto,magrinho e analfabeto,sem nenhuma experiência militar,que definiu a guerra: Luís Lopes. Era o corneteiro da tropa. Ao ver tantos portugueses reunidos na Colina de Pirajá, Barros Falcão, prudentemente ordenou o recuo.Mandou tocar:Cavalaria,recuar.

O Lopes,atrapalhado tocou:Cavalaria avançar.

-Mandei  recuar,imbecil;disse Falcão.

O Lopes tocou: Cavalaria,degolar.

Madeira, assustado,pois sabia do abraço dos patriotas de Cochrane que abarcava a Pituba pelo lado esquerdo e Pirajá pelo direito,mandou tocar retirada completa e a tropa debandou,desesperada.Meu bisavô dizia que era como atirar em pombos;eles nem se defendiam mais. Volto com o poeta:

Lá no campo deserto da batalha
Uma voz se elevou,clara e divina,
eras  tu,liberdade peregrina
Esposa do porvir,noiva do sol.

Com a fuga de Madeira e seus asseclas para Lisboa,perseguidos por Labatut até a foz do Tejo,o Brasil estava finalmente independente.

“Tu que erguias subida na pirâmide
Formada pelos mortos de Cabrito
Um pedaço de gládio no infinito
Um trapo de bandeira, na amplidão...
Só recentemente,o Brasil começou a interessar-se e reconhecer a luta e os heróis do 2 de julho.
Minha homenagem aos heróis humildes da minha terra que defenderam o seu direito á liberdade e acreditaram num Brasil recém nascido como país para todos os seus filhos!
*leiam o poema completo na página 3.


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