segunda-feira, 30 de agosto de 2010

CINEMA OLYMPIA


O CINEMA POEIRA MAIS FAMOSO DE Salvador,relembrado na música de Gil,não foi do meu tempo.Sei que “tinha pulgas nas gerais”,muito barulho,e,era freqüentado por pessoas de classes mais baixas e de má reputação.Gente pobre,pé-rapados,sem preconceito,nem belos trajes.Olympia era o cinema maldito.Ficava na Baixa do Sapateiro,eu alcancei o que lhe sucedeu,o Cinema Aliança,mas,nunca o freqüentei,acostumada que era,aos cinemas do Centro.

As matinês do Olympia começavam ás 12.30 ou 13hs,devido á quantidade de fitas que eram exibidas.À porta ficavam os toscos cartazes pintados á mão,anunciando o número de partes da película:o jornal,uma parte;a comedia,duas partes,curtas;depois,dois ou três filmes de cinco a seis partes e,por fim as séries de dois episódios.Tom Mix,Buck Jones,reinavam soberanos,faziam coisas indescritíveis;eram os reis do “ZÉ BRUNO”,sinônimo da mentira.Quem sabe lá a origem da expressão?Só sei que,a cada culhuda(mentira difícil de engolir) a galera maltrapilha gritava:Zé Bruno,Zé Bruno...A barulheira que vinha de dentro chegava a incomodar quem passava lá fora,era uma gritaria infernal.A especialidade da casa era filmes de faroeste e mistério;todos torciam,aos berros e pulos,pela mocinha ou pelo galã.Os velhos bem velhos que conheci recordavam as emoções sentidas nas matinês,onde Douglas Fairbanks Jr.,Eddie Polo,Marie Walcamp,Harry Carey e a inesquecível “femme fatale””,Theda Bara e a ingenua Mary Pickford,além da irreverente e sensual Mae West,reinavam absolutos,sob a gritalhada da meninada em transe.Os lugares eram disputados.Os homens se aboletavam na geral-quero a geral- que podia ser um poleiro no último andar das varandas batizadas de frisas,camarotes,balcões e galerias,quando o cinema virava teatro,o que acontecia sempre.A geral mais barata era atrás da tela(!)onde se via tudo pelo avesso.Contam os antigos que,o Olympia tinha sessões picnic;quem freqüentava levava sua merenda,pois as sessões eram longa.Os serventes que faziam a limpeza encontravam papéis de “queimados(balas),cascas de laranjas,melancia,espinhas de peixe frito,pedaços de pão,vômitos de crianças e pinguços,capucos de milho,tabocas de sorvete,bagaços de cana e,-pasmem-espartilhos e calcinhas de senhoras,naquele tempo,chamadas calçolas.Voltando á Gil:”sustos,emboladas,espartilhos,gatilhos...

Tempo de gente feliz.

Os cinemas da Baixa do Sapateiro,hoje,ou se transformaram em cinemas pornô,freqüentados por homens de baixa classe,mocinhos ainda não inaugurados e velhotes aposentados ou em templos da Igreja Universal.Não sei qual dos dois destinos é o pior!

Texto do livro "A Bahia de Outrora"
Aprenda muito mais sobre a Velha Bahia
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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

ANTIGOS CARNAVAIS!




Eram muito gostosos os carnavais da minha infância!

Embora morássemos numa cidade do interior,Dezembro chegando,tomávamos o trem para Salvador,onde moravam meus avós maternos,e,enquanto a Mariafumaça vencia os trilhos com sua eterna cantilena “café com pão bolacha não”,eu antegozava os prazeres que me esperavam na Capital,e,principalmente.o carnaval,para mim,a melhor de todas as festas,suplantando até o Natal.

Meu pai,festeiro como ninguém e um pé de valsa que faria inveja a Juscelino,tratava logo de alugar um carro,uma baratinha sem capota,para nos levar ao corso.Também tratava do aluguel das cadeiras na Rua Chile,ponto estratégico onde passava todos os foliões e os carros alegóricos,fazendo o Corso.Dodô e Osmar ainda não tinham inventado o Trio Elétrico,que mudou a face do carnaval da Bahia.

Minha mãe,que nunca foi festeira,mas,nos acompanhava,tratava das minhas fantasias;uma para cada dia,o Domingo,começo da festa,a Segunda Feira Gorda da Ribeira e a Terça,fim do tríduo momesco.Sem direito á prorrogação.

Um dia eu saía de cigana,aproveitando as longas e grossas tranças que exibia na época;estamos falando dos anos quarenta e eu tinha sete anos.(1949);na segunda feira,virava odalisca,cheia de véus de gaze transparentes,que meu avô achava uma indecência;na terça,me vestia de baiana,á lá Carmem Miranda;confetes e serpentinas,não faltavam.Bem como as lança-perfumes Rhodo e Rodouro,sem elas para borrifar nas pessoas,(e só para isto,ninguém falava em cheirinho da loló)o carnaval perdia a graça.

Centenas de foliões mascarados,os( “caretas” )ou fantasiados ,desfilavam sua alegria,entre a Avenida Sete até a Praça da Sé.Quase não havia carnaval nos bairros.A mudança do Garcia,cheia de alegria e irreverência,temida pelos políticos,dura até hoje;já o “jegue de cueca e a jega de calçola”,da Massaranduba,bairro popular,este acabou.Bem como o Clube Carnavalesco “Rosa do Adro”,que também se foi.

Havia blocos como “os Filhos de Gandhi”,que já despontavam e o violento “Apaches do Tororó”,cujos membros invariavelmente acabavam no xilindró,para gáudio da população,que se deslocava para as portas das Delegacias,na quarta-feira de cinzas,para ver a saída dos prisioneiros fantasiados e rir da cara de todos.

Porém, belos eram os clubes carnavalescos com a majestade dos seus carros alegóricos,cheios de mulheres bonitas e muita música,cor e alegria.Cada um,queria suplantar o outro em riqueza e pujança.Havia o “Fantoches da Euterpe”,o “Cruz Vermelha”,o” Inocentes em Progresso”,com um carro só de crianças.

A discriminação velada ainda persistia.Os negros só podiam festejar na Baixa dos Sapateiros,Liberdade,onde nasceu o Ilê Aiyê,e na periferia.

Isto durou até 1950,quando o engenheiro mecânico Osmar Macedo e o radiotécnico Dodô Nascimento decidiram fazer o seu carnaval tocando suas músicas em cima de um Fordeco 1929,criando assim o “pau elétrico, avô dos trios elétricos de hoje.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O QUE A BAHIA TEM DE BOM: ITAPOAN!





Passar uma tarde em Itapoan

falar de amor em Itapoan...

(canção de Vinicius)

Todos cantam sua terra também vou cantar a minha,disseram Caymmi e Vinicius,esse filho adotivo,morador do Principado de Itapoan,que também pode ser escrito Itapuã,que a gente não briga.

Quem teria coragem de caçar briga nesse lugar tão lindo,sol ardente,brisa fresca,coqueirais ao vento,belas mulheres,um lugar onde a própria Sereia escolheu para morar e,nas noites de lua cheia,sentada nas pedras penteia seus louros cabelos,enlouquecendo os homens?

Bairro privilegiado,elevado por Vinicius a categoria de “principado livre e autônomo de Itapoan,cujos nomes de ruas são pura poesia:Rua do Amanhcer,do Gato Arisco,do Lagarto Azul,da Brisa,do Irmão Sol – Irmã Lua,do Sereno da Madrugada.

Para amanhecer feliz basta morar numa rua assim que lembra contos de fadas.

Antiga aldeia de humildes pescadores,no final dos anos sessenta,Itapoan transformou-se;afinal,estava num ponto adequado para ligar o centro mais antigo de Salvador com a emergente zona industrial da Região Metropolitana.

Houve um “boom” imobiliário,construção de inúmeros villages e condomínios de luxo,convivendo na santa paz de Yemanjá com bairros humildes,como Nova Brasília e Alto do Coqueirinho.

Esse “coqueiro que dá coco” começou então a dar dinheiro em pencas,atraindo muita gente rica e de classe média alta,fascinados pela beleza e tranqüilidade do lugar.

Itapoan significa “pedra de ponta” ou “cabo de pedra” e não pedra que apita,como se pensava antes.

Seu nome vem do tupi,formado por ita(pedra) e apuã (ponta ou cabo).Itapoan tem sim,muitas pedras,por isso existe lá um farol.

Seus antigos moradores eram os índios tupinambás,mariscadores e pescadores.

Sua principal atração é a Lagoa do Abaeté,”uma lagoa escura,arrodeada de areia branca”,famosa pelas lavadeiras,conforme conto n’A Bahia de Outrora.

O fato é que quer se escreva Itapoan ou Itapuã,o lugar encanta pela sua beleza,seus hotéis luxuosos e pela gastronomia.

Apareça,meu rei,arme uma rede embaixo dos coqueirais,beba uma água de coco,respire a brisa e diga,se depois você não repete a exaltação eloqüente de Pero Vaz da Caminha,dizendo a seu Rei:

-Nesta terra tudo dá.


PALAVRA DO LEITOR:

Olá, com suas palavras que são pura poesia despertou em mim, lembranças da minha adolescência, quando passava o dia espreguiçada na areia tentando virar uma verdadeira morena jambo rss! E tambem fiquei com vontade de ler o seu livro!


abs joanice

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O FOLCLORE




Um país forma sua identidade,principalmente pela tradição e pela preservação dos costumes populares.

O folclore é composto de mitos e lendas.

As lendas são estórias que passam de geração em geração pela tradição oral e os mitos são criações populares para explicar fatos científicos que eles não compreendiam bem ou simplesmente para assustar,principalmente as crianças,como o bicho-papão,por exemplo.

As estórias,contos,lendas,cânticos religiosos,adágios populares e trovas brotadas da alma de um povo é que retratam bem a “fotografia”daquela nação e como esta se mostra para o mundo.

As diversas raças que deram origem ao povo brasileiro, nos transmitiram o seu conhecimento atávico,as suas crenças,o seu modo de se expressar e as suas cantigas agitadas como o batuque dos negros ou ternas e lânguidas como a modinha portuguesa.

O folclore conserva esse passado na sua essência,embora nos chegue modificados pela ação do tempo.

O fandango,a luta entre cristãos e mouros e mesmo o bumba-meu-boi, a festa do Divino,a congada perpetua bailados ou os faz desaparecer para ressuscitá-los depois,sempre com o feitio e cor original ou modificado pela engrenagem da máquina do tempo que muda o sentido das palavras.

O folk-lore é muito anterior a 22 de agosto de 1846 quando William John Thoms criou o termo para designar as crenças e lendas populares.

O desenvolvimento industrial,a tecnologia avançada não destrói o folclore.

Não apenas contos(folks-tales) e cantos,mas,hábitos,costumes,gestos,superstições,alimentação,mezinhas,indumentária,sátiras,lirismo tudo constitui a história daquele grupo social,chegado até nós pela tradição oral.Onde estiver o homem viverá uma fonte de criação,preservação e divulgação dos hábitos daquele clã e cultura daquele povo;em qualquer deles estará aí,vívida e atuante a cultura sagrada,hierárquica,veneranda,reservada para a iniciação,a tradição oral e coletiva,destinada a manter usos e costumes por muitos séculos.

No Brasil,inúmeros e importantes historiadores dedicaram-se ao estudo do folclore nacional,como por exemplo Luís Câmara Cascudo,João Ribeiro,Gustavo Barroso, Sílvio Romero, entre outros.

A riqueza do nosso folclore é ímpar,pois,três povos ajudaram a criar a nossa identidade cultural:o luso,o negro e o índio.

Temos os reisados e cheganças,o bumba-meu-boi,o carnaval,o candomblé,as cavalhadas, a festa de reis,o maracatu.

Mitos temos inúmeros,não fosse o povo brasileiro profundamente criativo:o boitatá,o boto,o curupira,o lobisomem(esse herdado dos europeus) a mãe d’ água,o corpo-seco,as assombrações,a mula sem cabeça,o saci,o velho do surrão.

As adivinhações, os provérbios,as trovas (de origem portuguesa) a literatura de cordel,as “incelênças” nordestinas.

Realmente , um estudo encantador ,fascinante e muito rico o estudo do folclore!

Bom que hoje seja tão festejado, pois,a elite social e intelectual do Brasil só tomou conhecimento dele com a chegada do Romantismo,no sec. XIX.

IMG:
Rugendas
Jornal "A Tarde"
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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

BANHO - DE -CHEIRO

Origens:

Na verdade este banho tem origens diversas:orientais,africanas ou caboclas.

Nasceu do medo ancestral do mau-olhado ou ziquizira,como uma proteção contra os feitiços e maldições.

Pode ser também um banho perfumado para o bem estar de quem o toma,como se usa nos países orientais.

Estes são feitos com ervas e cascas,flores e essências e resinas,pois têm o poder de conservar a felicidade,afastar a má sorte e desamarrar negócios encrencados.

Os trevos,ervas e cipós são pisados ,as raízes e paus são ralados e postos numa bacia com água,guardados até a hora do banho,que não pode ser”hora grande”:meio-dia, seis da tarde ou meia-noite.

Se for banho de descarrego para tirar mandinga forte é melhor tomar antes do sol nascer.

Primeiro toma-se um banho normal de asseio e só depois o banho de cheiro que pode ser uma bacia cheia de ervas esmagadas,na verdade sete ervas:arruda,alecrim,manjericão,malva rosa,malva branca,manjerona e vassourinha.

Secar o corpo sem enxugar.

Existem banhos que se toma cabeça e tudo e outros que,de jeito nenhum pode-se molhar a cabeça;todos têm seus preceitos rigorosos.

Tem, sim,várias indicações,cada uma para um fim;alguns,as ervas têm que ser fervidas e o banho,tépido;outros,as ervas são esmagadas e o banho,frio;cada orixá tem seu preceito e para cada necessidade,um banho recomendado.

No banho de cheiro nunca se usa sabonete ou toalha.

O poderoso “banho de sete forças” que restaura as energias combalidas e tira qualquer força negativa é feito com a raiz da jurema,folhas de malva branca,manjericão,hortelã,alecrim,arruda e capim santo.Ferver tudo;macerar as ervas ,coar e deixar dormir no sereno três noites;tomar o banho antes do nascer do sol.As madrugadas adequadas são as de Ano Bom,Sábado de Aleluia,S.João, Natal e Ascensão do Senhor.



O melhor dia para o banho é a sexta-feira,fora das” horas grandes”

*Texto enviado  e publicado  na Revista "Bons Fluidos",em 2009.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A COZINHA BAIANA



Cozinha e polidez:bons sinais de uma velha civilização!

Assim reza a citação francesa para louvar a boa civilização patriarcal e dar nota 10 aos povos que cultuam essas qualidades.

Como os baianos,segundo Gilberto Freyre.

O mestre pernambucano,quando esteve em Salvador nos começos do século passado,encantou-se com a delicadeza dos baianos e ,especialmente, com a sua rica e variada cozinha,cujo sabor nunca esqueceu.

Encantou-se com o modo de vestir das negras quituteiras e o desenho dos seus bolos e tabuleiros, tão místicos,com recortes de papeis coloridos , destacando-se na toalha de renda muito alva,num desenho perfeito para dar aos bolos,bombons e alfenins um realce que logo aguçava o apetite.

A cozinha das casas – grandes com seus fogões a lenha,seus fornos de alvenaria de onde saiam os preciosos bolos de aipim, carimã,milho, biscoitos de polvilho,constituiam um invencível reduto baiano.

As cocadas brancas ou queimadas,a puxa,os alfenins,os beijus, os mingaus,os bolinhos de estudante,também chamados irreverentemente de “punheta”,os quebra – queixos,tão duros ,mas,tão saborosos e os pés – de- moleque, as mãe – bentas,os sequilhos de coco ou de nata,que desmancham na boca,as a-modas, com forte sabor de gengibre,fazem do tabuleiro da baiana um retângulo de sonhos ,num derramar de prazeres que até virou música de Caymmi.

Até agora falei da doçaria, muito dela herdada dos lusos,mas,com forte influência mestiça e islâmica,graças aos malês.

Mestre Freyre dizia que como a Bahia deu os maiores estadistas do Império , os pratos mais saborosos da cozinha brasileira e tem o povo mais afável do Brasil, pode ser considerada, sim,uma civilização imbatível,que deveria ser citada sempre como exemplo na cultura mundial.

Casa de baiano está sempre aberta, coração de baiano é bastante grande para acomodar novos amigos, mesa de baiano é sempre farta.”Bota água no feijão,sempre cabe mais um;onde come um,comem dois.Ou mais!”

Andei pensando, agora que resolvi reler Freyre,um poço de sabedoria onde colhi muito do pouco que sei,que as casas refletem muito a personalidade dos donos;donos anti-sociais,fechados em si mesmo ,portas semi – abertas,o antipático –Quem é!?- rostos carrancudos.Cadeiras desconfortáveis,empertigadas,nenhuma cortina ou tapete para aquecer os pés.Quadros sóbrios,quando os há.Poucos enfeites.

Na casa senhorial dos baianos a gente nota um deslumbre de sofás,muita luz ,muito vidro e transparências,cores fortes,cadeiras alcochoadas e poltronas confortáveis, cadeiras de balanço,rede nas varandas,bibelôs,abajurs com uma luz suave, rosas ou cravos nos vasos de cristais,tudo muito acolhedor,ambiente em que dá vontade de sentar,esticar-se e repousar,falar besteiras,bebericar um licor e trocar confidencias.

Os licores são um assunto à parte que não deve ser esquecido.Servidos em licoreiras de bacarat,havia os de jenipapo,maracujá,passas,groselha,leite, rosas,violetas,os de banana de São Tomé,tão antigos quanto os de engaço,de excelente gosto e bom para curar tuberculose.

Portanto,se for à Bahia,não seja “um empada” (mero espectador inútil e inconveniente),”pegue direito”(coma bastante) e não se deixe enganar com a forma do convite:-“Quer passar mal”? ,pois em cozinha baiana sempre se passa muito bem.

Mas,se chegar numa casa e não for convidado,desabafe,dizendo:”Quem come e não me convida,rabo de gato na sua barriga”.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

BAHIA DE TODOS OS SANTOS...E DE TODOS OS PECADORES!




Você já foi à Bahia, nêga!?

Não?Então vá!...

Deus não economizou ao criar a Bahia de Todos os Santos.

Os portugueses acharam que era muita beleza para um santo só por isso entregou-a a todos.

Numerosas ilhas,praias paradisíacas,coqueirais majestosos,um mar verde – esmeralda,onde seria doce até nele morrer como cantaria mais tarde o poeta,uma brisa fresca e olorosa,quem precisa de mais!?

Das ilhas,a mais badalada é Itaparica, (do tupi,cerca de pedras)uma estância hidromineral muito famosa onde nasceu o escritor João Ubaldo.Divide-se em dois municípios:Vera Cruz e Itaparica.

“Ò água fina

faz veia virá minina”...

é o que se dizia destas águas abençoadas.

Veraneei anos em Itaparica,bebi e me banhei nas suas águas,passeei nas suas ruas históricas,pois,de lá,lutou-se muito e com muita garra na época da Independência da Bahia.

Itaparica divide-se em muitas localidades cada uma com suas características próprias e suas praias espetaculares:Manguinhos e suas mangueiras seculares,Aratú,Barra Grande,onde fica o Club Med,Porto Santo, Ponta de Areia,Gameleira,Cacha - Prego, Mar Grande e suas residências de elite,enfim,muitos locais para se escolher passar um verão feliz,com mergulhos,cavalgadas,festas,passeios e uma excelente comida.

Itaparica é a maior ,mas,não é a única.Temos a Ilha de Maré,Maria Guarda,Matarandiba,ilha dos Frades,Madre – de- Deus,a escolha é grande.

Passear de escuna ou saveiro bordejando essas ilhas,num dia de mar calmo,degustando lambretas regadas à caipirinha ou água de coco é um programa imperdível.

Visitar a Ponta de Nossa Senhora,Paramana,o Loreto,com sua igrejinha centenária e suas águas calmas é o máximo.

Quem quiser experimentar,verá.

No dia 1º de Janeiro de cada ano faz-se a procissão marítima em homenagem ao Senhor Bom Jesus dos Navegantes e a Nossa Senhora da Boa Viagem.

O mar cobre-se de velas brancas,embarcações as mais diversas,iates luxuosos,cutters,saveiros,canoas,barquinhos e barcões, escunas e navios , todos bem ajaezados ,cobertos de balões ou bandeirolas coloridos,cheios de gente alegre e barulhenta.

A procissão sai da Igreja da Conceição da Praia,uma das mais antigas do Brasil e vem em direção da Igreja da Boa Viagem,que data dos setecentos.

As imagens, veneradas pelo povo,chegam na Galeota “Gratidão do Povo” e são recebidas por uma multidão devota e contrita.

Quem puder e quiser,aceite meu convite;passe aqui no próximo Janeiro e aproveitando o embalo fique até o Carnaval.

Conheça tudo sobre a "Boa Terra" lendo "A Bahia de Outrora"

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

AS "SIMPATIAS"



PARA TER ÊXITO NO TRABALHO

Durante sete quintas- feiras seguidas,pela manhã,ainda em jejum,coloque numa banheira ou bacia uma xícara (de chá )de água do mar,uma colher (de chá) de óleo de amêndoas,uma colher (de chá )de sal grosso,três litros de água e três gotas do seu perfume favorito,que seja de uso constante.
Tome um banho com essa mistura do pescoço para baixo durante 10 minutos.
Durante o banho reze um pai - nosso,uma ave-maria e uma salve-rainha pedindo aos anjos que o livrem de todas as influências negativas que possam rodeá-lo.
Depois do banho ,relaxe e deixe a água secar naturalmente no corpo.
Siga com fé para o trabalho.Pois a fé não costuma falhar...


PALAVRA DO LEITOR:
Obrigada amiga que Oxalá proteja a todos nós, filhas de Ogum, Oxóssi


, São Benedito, Oxum, Yemanjá, Iansã, que nos abençoe a todos. Ab.Ana Zélia

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

AMADO JORGE



Agosto,ao contrário do que diz a tradição,não pode ser um mês tão azarado assim,pois,neste mês nasceu Jorge Amado.Dia 10,exatamente.

Leonino com todas as qualidades do signo que tem o sol como astro dominante ,Jorge iluminava qualquer ambiente por onde passasse. Jorge era luz!

Não foi por acaso que Jorge nasceu na Bahia; a Bahia mereceu Jorge,ou melhor,ambos se mereceram e se amaram profundamente.

O escritor levou essa paixão aos quatro cantos do mundo;fez sua terra conhecida,seus costumes e tradições desvendados e despertou no mundo a curiosidade sobre esta terra mística e encantadora que fez nascer homens assim.

Seus personagens são eternos.

Jorge não se considerava um escritor,mas,um contador de estórias e, é sim,um dos maiores do mundo.

Despojado, humano,afável,perambulava pelas ruas de Salvador,reconhecido e aclamado por todas as classes sociais.Suas camisas estampadas e de forte colorido chamavam atenção.

Homem de hábitos simples,eu o encontrava sempre na Perini Master,sentado no banco da sua praça que o amigo Pepe inaugurou dentro do espaço da loja,enquanto Zélia,azafamada,percorria as gôndolas em busca de temperos especiais para o seu amor.

A primeira vez que o vi e lhe fui apresentada foi na casa de um amigo comum, o pintor Mirabeau Sampaio.Entre as centenas de santos barrocos e telas de pintores famosos como Aldemir Martins e painéis de Carybé,trocamos algumas palavras.

Mas,Mirabeau,amigo irmão, me contava vários causos sobre ele.Formavam um trio maravilhoso: Jorge,Mirabeau, Carybé,o argentino mais baiano do mundo.

Trocavam chistes, roubavam santos e sapos uns dos outros,falavam sacanagens,irreverentes todos eles,línguas despudoradas.Relembravam fatos da juventude,causos de colégio,o Vieira para Mirabeau e Jorge,o cassino Tabaris e os puteiros.Causos de mulheres da vida cheias de calor humano e caridade cristâ que faltam a muitas beatas,como aquela madame dona de castelo na Ladeira da Montanha que, ao saber da morte de Norma,bem – amada esposa de Mirabeau,presenteou-lhe com uma magnífica coleção de tangos argentinos,para consolar a dor da perda.Tangos que eu ouvi nos fins de tarde enquanto tomava um café e bebia sabedoria baiana dos lábios do meu amigo.

Jorge completaria 98 anos .

Como os escritores não morrem,ficam encantados,ele e Zélia devem ter comemorado o evento sentados naquele banco da casa do Rio Vermelho,ao lado dos grandes amigos,Mirabeau, Carybé e Caymmi.

Enquanto a cidade os reverencia,com os dobres dos atabaques,com a cadencia do samba,com os trejeitos das morenas sestrosas,com as talagadas de cachaça servidas no Pelourinho,onde novos Quincas passeiam e pastoreiam a noite,e no cais onde outros Mestre Manoel e o que resta dos saveiros preparam uma moqueca de peixe bem apimentada, pelas ruas e ladeiras da Bahia –pois com certeza sairiam para bebemorar – prostitutas,mestres de saveiros,capitães de areia,gigolôs,travestis,obás,filhas de santo,lhes pedirão a benção.


PALAVRA DO LEITOR:11/08/10 10:43 - Maria Olimpia Alves de Melo




Lembrar Jorge Amado é também lembrar os sons, as cores e os cheiros da

Bahia, o que só nos pode trazer alegria. Não, agosto não é um mês

assim tão azarado pois é nele que também nasceu a minha linda sobrinha

Tatiana e é o mês em que realizamos a \mostra Cultural de Lavras já em

sua sexta edição.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

PARATY, EIS-ME AQUI!



Vim a Paraty sem idéias definidas e movida apenas pelo desejo de participar da mais importante festa literária do nosso pais.

Viajar é preciso, principalmente para o novel escritor,pois,como ensinavam os antigos,pé que não anda não dá topada.

Paraty é uma cidade histórica,uma visão deliciosa do passado,como Ouro Preto e Mariana,como Salvador e eu adoro cidades assim.

Imagino que alguém já tenha escrito um livro sobre Paraty de Outrora,assim como eu fiz sobre a Bahia,no intuito de preservar nossas tradições e valores.Se houvesse um livro assim eu gostaria de ler.

Este ano o grande homenageado é o Gilberto Freyre e este fato atiçava ainda mais o meu desejo de participar; bebi muito da sabedoria do passado nos livros desse pernambucano emérito e não poderia perder debates sobre sua obra.

Mas,o melhor da vida são as surpresas;coisa boa quando o inesperado nos bate à porta e toma as rédeas do nosso destino ou viagem e nos conduz para onde devemos ir.

Em Paraty,além de encantar-me com a cidade,encantei-me ,sobretudo com as gentes.

Enriqueci-me conhecendo pessoas tão diferentes e tão iguais,gente generosa,gente alegre,gente festeira,gente corajosa.Como aqueles poetas de rua recitando seus versos ao luar;ou aqueles violeiros mostrando o poder da música ,preservando modinhas e instrumentos decretados à extinção.Ou


Procuradora de amigos que sempre fui ,encontrei alguns e fiz dezenas.

Na saída de um telão revi,com prazer,Guiomar de Grammont,que trouxe o seu charme e sua elegância serena para a FLIP;numa loja,encontrei a Vanderlúcia,do Recanto das Letras,mineirinha linda,poetisa sensível e sorriso angelical.Revi Lílian Schwartz,sempre gentil e atarefada.

É pena não ter encontrado nenhum baiano;acho que daqui não foi ninguém.

No rol dos novos conhecimentos não posso deixar de citar Mr. Darnton,diretor de biblioteca de Harvard ,fiel depositário do “ A Bahia de Outrora” que deve ter chegado meio acanhada naquele templo do saber,onde convivem todos os grandes autores do mundo.Mas,baiano se dá bem com sua manimolencia e sorriso aberto.

Uma pausa especial para falar de David e Jacó que muito gentilmente me ofereceram seu espaço para fazer um mini –lançamento do “Bahia”.

Com o elegante restaurante cheio não foi difícil vender todos os exemplares.

Quando falava do livro todos queriam vê-lo conhecer um pouco dos textos,elogiavam a capa e uma senhora me disse:

-Simplesmente a.d.o.r.e.i o “Manual para entender os baianos.Incrível!

Como uma mãe que apresenta um filho quase estourei de felicidade.

Ás vezes,entrava numa loja para comprar e acabava vendendo;como aconteceu no atelier da Gis,uma distinta senhora,dona de uma bela loja de artesanato.

Trouxe umas lembrancinhas e lá deixei o Bahia;em muito boas mãos,claro!

Lamentei não ter tido tempo de encontrar outras pessoas,como a Maria Della Costa que tanto admirei nos palcos;ou o Príncipe D.João,a cujo sarau faltei,pois viajaria ao meio – dia do sábado.

Mas,pretendo voltar a Paraty e terminar o que comecei.Um resgate magnífico do passado e um olhar esperançoso para o futuro.

FALAM OS AMIGOS:

Imagino como a Miriam, a baiana sapeca que é, não se divertiu em Paraty, além de beber em tantas fontes literárias, presentes ao evento. Quem sabe no ano que vem não estaremos juntos por lá? Parabéns amiga. E sucesso sempre!!! Beijos

Euripedes.
Miriam,


Parabéns pelo sucesso do seu novo livro! A gente sabe que vender livros não é tão fácil e você está encontrando um espaço legal porque você é batalhadora e tenho certeza que está fazendo a diferença por onde passa. Só de ler o seu e- mail me imaginei em Paraty. Quem sabe na próxima FLIP nos encontraremos lá. Cada dia fico mais orgulhosa de você e de ter te conhecido na Bienal de Minas e para não esquecer da gente vou te enviar um e-mail que gostei muito.

Abraços, BEL

Miriam.....

Vc e' um exemplo para autores.
Eu acho vc moderna, prafrentex como se dizia antes.
Quando era criança perguntavam .....

- O que vc quer ser, quem vc gostaria de ser.... ?
Se perguntassem isto hoje eu responderia

- Quero ser igual a Miriam.
Sou sua fa. Parabéns. Acho vc linda, suas atitudes nos encantam.
Parabéns.
Marina Moreno Gentile

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

AS PROFESSORINHAS DE OUTRORA!

...ESSA OPERÁRIA DIVINA,QUE LÁ NO SUBURBIO ENSINA,AS CRIANCINHAS A LER....

O VERSO É LINDO,MAS,A PROFISSÃO SEMPRE FOI CHEIA DE ALTOS E BAIXOS;EXIGE MUITO E RENDE POUCO.
Se nos nossos tempos é assim,imagine no passado!Começa que a mestra não tinha mais vida própria:virava instituição,como o padre e o delegado,na comunidade onde trabalhasse.A mestra tinha que ser austera,fechada,comedida,pois,muito riso é sinal se pouco sizo,enérgica e ao mesmo tempo meiga,discretíssima no vestir e irretocável na sua vida particular.Apesar da miséria que ganhava,tinha que se vestir condignamente,pois,professora não podia ser uma “fragata mulambo”,ou parecer uma gasguita de porta de venda.Para sobreviver tinha que ser heróica;pôr-se a salvo dos “dissemedisse” e dos olheiros.Não podia se permitir certas liberdades,nem fraquezas.

O dinheiro que ganhava era pouco e incerto;por isso,era necessário ter um procurador,que era o homem que cuidava dos papeis,trazia o ordenado nos dias certos,independente se o Tesouro pagasse ou não,descontando sua comissão,claro.Muitos eram desonestos,faziam jogadas escusas com o dinheiro das menos espertas,forjava atrasos,ás vezes sumindo com o dinheiro,ficando com o dela,dizendo que não recebeu e emprestando o mesmo dinheiro á coitada,a juros altos;muitas viviam endividadas.Se não tivesse uma família bem de vida,a carga era maior;se tivesse pai ou irmãos vivos e trabalhando,menos mal,dava até para ter alguma economia,mas,se o pai batesse as botas,”caísse a cumeeira da casa”como se dizia,ela teria,com seus parcos recursos de sustentar a família,inclusive as irmãs casadoiras,que viviam no nobre oficio de “encontrar marido”,portanto não poderiam ter profissões malditas,como lavadeiras,cozinheiras ou doceiras;o máximo que podiam era costurar ou bordar.Assim,a professorinha se virava,pegava alunos particulares,mesmo no horário do Governo;como as escolas ficavam na sala da frente da casa,e,o Inspetor vinha fiscalizar uma vez por semana,as irmãs não podiam ficar nas janelase,aí-como arrumar marido!?-ficava o impasse.

As professoras também tinham dificuldade em namorar;não podia ser ninguém abaixo da sua classe social;se ela fosse negra,pior,pois os negros formados só queriam as brancas e os brancos não casariam com elas.Algumas jogavam o diploma ás favas e casavam com operários,mandando ao diabo as convenções.Porém,negras ou brancas,ricas ou pobres,o perigo maior eram os “felipes”,termo pejorativo para marido de professora.Felipes eram sujeitos preguiçosos,bom-vivants,sem eira nem beira,simpáticos,que arrastavam a asa para as professoras,afim de ganhar um INPS garantido e nunca mais trabalhar. No Sul eram chamados de chopim,por causa do passarinho que vivia á custa dos periquitos.Homem que não tivesse onde cair morto se acostava com a professora onde teria casa,comida e roupa lavada,o paraíso,num tempo onde os empregos não eram seguros e não havia previdência;estamos falando das décadas de 20 ou 30.Como em  casa que falta   pão,todo mundo grita e ninguém tem razão,quem mandava no lar era a professora;ela pagava “a caderneta”da venda,o açougue,o aluguel,e,ainda lhes vestia e lhes dava uns trocados para a caninha e o tabaco.Eles colaboravam arrumando a casa,lavando,cozinhando,cumprindo as obrigações de cama,fazendo pequenos mandados. Monteiro Lobato diz que conheceu um que chegou a dar a luz a um “crianço”,não sei se é verdade;mas,como Lobato era um homem muito á frente do seu tempo e.,agora,os homens estão engravidando.....

Saiba mais sobre as coisas de antigamente no livro "A Bahia de Outrora".
Encontre-o na Galeria do Livro (Pça. Castro Alves)
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ou peça neste blog.

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domingo, 1 de agosto de 2010

RECEITA CONTRA URUCUBACA




Estamos em agosto

Todo cuidado é pouco!

Esta vem da Tailandia,em boa hora de crise financeira,bancos quebrando ou a quebrar,bolsas despencando,o touro de Wall Street virando boi de pasto,o desemprego esperando em cada esquina,a recessão alemã,inglesa e espanhola,as montadoras de automóvel,símbolo do capitalismo americano,á beira da falência,pé de pato,mangalô.treis veis,temos que nos cobrir.

Mas,vamos á receita:

Faça uma cestinha com folhas de bananeira e encha com flores frescas e velas.escreva todos os seus problemas num papelzinho,dobre e acomode na cestinha,entre as flores.Solte num mar ou num rio,do lado favorável á corrente e peça que a água carregue todas as suas aflições para bem longe e lhe traga paz e felicidade.

Na Bahia,já fazemos isso há tempos,em Fevereiro,na festa de Yemanjá.Nas cestinhas de vime colocamos os presentes para a Raínha do Mar:flores,espelhos,perfumes,jóias,maquiagem,tudo que poderia agradar uma moça bonita e vaidosa.se ela aceita o presente,o mar leva e a pessoa pode ficar certa que será atendida;se Yemanjá recusa,devolve o presente para a praia e,aí,é se pegar com outro santo.

Vocês acham que isto é macumba de nordestino ignorante?Então me responda porque a Marinha do Brasil joga flores no mar?

Dizer que é para homenagear os mortos me parece mentira de pescador.
Leia mais sobre banhos de cheiro,mandingas,corpo fechado n'A Bahia de Outrora.
Aproveite que é 1º de Agosto,saia e compre JÁ!