terça-feira, 29 de março de 2011

SALVADOR,462 ANOS!




QUALÉ O CAUSO AI?
FESTEJAR SALVADOR

*Vamos festejar  Salvador,bróder, a pronto e a hora,abaixar o mealheiro ,tomar uma meladinha e cair no samba.
Vai desculpando, mas, hoje  é dia de  tomar uma,no capricho.
Tá ligado?
Salvador,saudada em baianês*
Não adianta procurar no tradutor Google.
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sexta-feira, 25 de março de 2011

A COZINHA BAIANA


Cozinha e polidez: bons sinais de uma velha civilização!
Assim reza a  citação francesa para louvar a boa civilização patriarcal e dar nota 10 aos povos que cultuam essas qualidades.
Como os baianos, segundo Gilberto Freyre.
O mestre pernambucano,quando esteve em Salvador nos começos do século passado,encantou-se com a  delicadeza  dos baianos e ,especialmente, com a sua rica e variada cozinha,cujo sabor nunca esqueceu.
Encantou-se com o  modo de vestir das negras quituteiras e o desenho dos seus bolos e tabuleiros, tão místicos,com recortes de papeis coloridos , destacando-se na toalha de renda muito alva,num desenho perfeito para dar aos bolos,bombons e alfenins um realce que logo aguçava o apetite.
A cozinha das casas – grandes  com seus fogões a lenha,seus fornos de alvenaria de onde saiam os preciosos bolos de aipim, carimã,milho, biscoitos de polvilho,constituíam  um invencível reduto baiano.
As cocadas brancas ou queimadas,a puxa,os alfenins,os beijus, os mingaus,os bolinhos de estudante,também chamados  irreverentemente de “punheta”,os quebra – queixos,tão duros ,mas,tão saborosos e os pés – de- moleque, as mãe – bentas,os sequilhos de coco ou de nata,que desmancham na boca,as a-modas, com forte sabor de gengibre,fazem do tabuleiro da baiana um retângulo de sonhos ,num derramar de prazeres que  até virou música de Caymmi.
Até agora falei da doçaria, muito dela herdada dos lusos,mas,com forte influência mestiça e islâmica,graças aos malês.
Mestre Freyre dizia que como a Bahia deu os maiores estadistas do Império , os pratos mais saborosos da cozinha brasileira e tem o povo mais afável do Brasil, pode ser considerada, sim,uma civilização imbatível,que deveria ser citada sempre como exemplo na cultura mundial.
Casa de baiano está sempre aberta, coração de baiano  é bastante grande para acomodar novos amigos, mesa de baiano é sempre farta.”Bota água no feijão,sempre cabe mais um;onde come um,comem dois.Ou mais!”
Andei pensando, agora que resolvi  reler Freyre,um poço de sabedoria onde colhi muito do pouco que sei,que as casas refletem muito a personalidade dos donos;donos anti-sociais,fechados em si mesmo ,portas semi – abertas,o antipático –Quem é!?- rostos carrancudos.Cadeiras desconfortáveis,empertigadas,nenhuma cortina ou tapete para aquecer os pés.Quadros sóbrios,quando os há.Poucos enfeites.
Na  casa senhorial dos baianos a gente nota um deslumbre de  sofás e divãs,muita luz ,muito vidro e transparências,cores fortes,cadeiras alcochoadas e poltronas  confortáveis, cadeiras de balanço,rede nas varandas,bibelôs,abajurs com uma luz suave, rosas ou cravos nos vasos de cristais,tudo muito acolhedor, um ambiente em que dá vontade de sentar,esticar-se e repousar,falar besteiras,bebericar um licor e trocar confidencias.
Os licores são um assunto à parte que não deve ser esquecido.Servidos em licoreiras de bacarat,havia os de jenipapo,maracujá,passas,groselha,leite, rosas,violetas,os de banana de São Tomé,tão antigos quanto os de engaço,de excelente gosto e bom para curar tuberculose.
Portanto,se for à Bahia,não seja “um empada” (mero espectador inútil e inconveniente),”pegue direito”(coma bastante) e não se deixe enganar com a forma do convite:-“Quer passar mal”? ,pois em cozinha baiana sempre se passa muito bem.
Mas,se chegar numa casa e não for convidado,desabafe,dizendo:”Quem come e não me convida,rabo de gato na sua barriga”.

 Texto de Miriam Sales
Quer saber mais sobre a Bahia?
Peça "A Bahia de Outrora",através deste blog.
PALAVRA DO LEITOR:

Sábio observador nosso Gilberto Freyre! Finalmente tive a oportunidade de experimentar um pouquinho desta maravilha!! Voltarei, ah se voltarei!!!
Beijos minha Baianinha predileta.
Paulo



sexta-feira, 18 de março de 2011

YEMANJÁ





YEMANJÁ!
Dia 2 de fevereiro
dia de festa no mar...
                    (Caymmi)
Esse belo e poderoso orixá, muito cultuado na Bahia,tem origem ioruba.
Recebe oferendas rituais em grandes balaios  rústicos,feitos à mão pelo povo,que os enche de flores,perfumes,espelhos,pentes,alfinetes,agulhas,pedaços de seda, talco,colares,brincos,anéis,leques,adereços,sabonetes,pois,a dama é muito  vaidosa e adora pentear seus lindos e longos cabelos,sentada nas pedras,ao luar.
Os ofertantes ,normalmente povo de santo,vestem-se de branco,cantando,embarcam e atiram os presentes num lugar de águas profundas.
Embarcações de todos os feitios e porte singram as águas, num festival de velas brancas,enfunadas ao vento;saveiros e canoas carregados de balaios com presentes rumam ao largo até o ponto onde podem jogar os balaios para que a deusa os recolha.
Os bilhetinhos estão lá,com os pedidos dos fiéis,na esperança de serem atendidos.
Se Yemanjá devolve os presentes –coitado dele –não será atendido, fica prá a próxima,camarada.
Orixá dos marítimos ,protetora das viagens,está ligada,no sincretismo a Afrodite,Nossa Senhora,sendo também padroeira dos amores.
É uma moça de muitos nomes: D. Janaina,Princesa do Mar,Princesa de Aiokácá,Olôxun,  Inaê, Dandalunda,pois não é ela a Senhora das Águas,mãe de tudo que existe sobre a face da terra?
Deus e as águas!  diziam os antigos.Pois,D. Janaina abriu os seus fartos seios e deles nasceu o mar...
Como Afrodite foi pintada saindo de uma concha, esse também  é seu fetiche;suas insígnias,o leque e a espada.
Seus alimentos sagrados são o pombo,o milho,o galo,o bode castrado;as cores vermelho ou azul.
Suas filhas usam colares de contas pingo d’água, pulseiras de alumínio.
Sábado é seu dia sagrado e o grito a que responde  aos seus ekedes  é”hin-hiyemin” ou “odo-yá,dependendo do grupo  pelo qual é saudada.

Muitas vezes se apaixona e leva os amantes para o fundo do mar.O corpo nunca é achado.
“O marinheiro bonito
sereia do mar levou...
Dizem que é  ciumenta,vingativa e cruel;enfim,é mulher...
Yemanjá é festejada também no Rio ,na praia de Copacabana.
Em Angola, ela é Quianda,mora nos arredores da Ilha de Luanda e recebe seus presentes ,alimentos e bebidas,como nos antigos rituais.
Em Salvador, sai da sua casa , a Casa do Peso, no Rio Vermelho,antiga colônia de pescadores,acompanhada de” baianas” (mulheres de saia)  ricamente vestidas de branco,pelos obás, e por toda uma multidão alegre e esperançosa, torcendo para que seus presentes afundem rapidamente,indicando que foram aceitos.
Que Yemanjá , Rainha do Mar,leve  sob grilhões para o fundo do mar,toda a inveja que sobre mim possa recair,todas as lágrimas que eu tenha que chorar,para nunca o desespero ou a desgraça me alcançar...
ODO-YÁ!

*Textos de Miriam Sales
Outros textos e crônicas sobre a Bahia você encontra no livro "A BAHIA DE OUTRORA" À VENDA NESTE BLOG.


sexta-feira, 11 de março de 2011

A CASA DOS BUDAS DITOSOS




“Sempre,dentro de nós há um demônio que sussurra nos nossos ouvidos”
                                               Virginia Wolff
Quem poderia imaginar que aquela senhora de quase 70 anos tenha feito tanta sacanagem na vida?
Pois esse é o tema do livro do escritor baiano João  Ubaldo Ribeiro ,” A Casa dos Budas Ditosos” que li recentemente.
Segundo ele,não se sabe o quanto de verdade há nisso,que recebeu os originais dessa narrativa colocados em fitas cassetes e deixadas na portaria do seu prédio.Tratando-se de Ubaldo,pode ser verdade.Ou,não.
O livro faz parte dos “Sete pecados Capitais”,uma série de livros feitos por autores famosos sobre encomenda de uma Editora.A Ubaldo coube falar sobre a luxúria; e,nem poderia ser de outra forma.
Os relatos desta senhora fariam corar um frade de pedra,isso,se os frades ainda corassem...
O livro  cheira a suor,a prazer desmedido,a sexo selvagem.Sexo por sexo,sem amor,tudo para fazer horrorizar os puritanos.E,a boa velhinha  topa tudo ,não respeita nem os parentes.
Mas,não pense que você vai ler um texto vulgar,pornográfico,como certos vídeos  postados no Youtube.
O livro trata principalmente do machismo, do desprezo pela velhice,da  hipocrisia social,do “faça o que eu mando,não faça o que eu faço”,denuncia o   mau - caratismo social,a repressão contra as mulheres – “já  estou cansada de não poder dizer o que me vem à cabeça” -  queixa-se a suposta protagonista.
“Sou um grande  homem – fêmea”,diz a personagem.Ser uma mulher e pensar como um homem!
Sou assim , também,portanto,desse sofrimento,sou conhecedora.
Somos uma sociedade de reprimidos. Por isso tantas neuroses,tantas depressões,tantos psicopatas soltos pelo mundo.
“A Casa dos Budas Ditosos” é um grande livro.
Boas verdades são esfregadas nas fuças dos moralistas,não agressivamente,mas,temperada com o humor cáustico do Ubaldo,uma pitada de pimenta malagueta própria da Bahia,onde não 
existe pecado que não possa ser vivido.Ou,contado.

Visite:http://mirokcaladoavesso.blogspot.com




Cantinho do leitor:


Obrigado Miriam,
vou dar uma olhada,
Bom fim de semana!
Miguel  Menezes,escritor português




terça-feira, 8 de março de 2011

HOMENAGEM Á TODAS AS MULHERES!




CANTINHO DO LEITOR:
Veja que esta homenagem te reenvio com todo meu carinho e afeto, afinal quem deveria homenagear as mulheres seriam os homens... Por isto, nós, somos o sexo forte, alma leve, sensibilidade presente, coração sempre apaixonado, pode ser até por uma borboleta.
Semprer seremos vencedoras sem carregar qualquer arma, porque além de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, 'enxergamos' o que vai no coração dos outros.
 
VIVA NOSSO DIA DE SEMPRE.
BJS EM TEU CORAÇÃO.
Nadilce Zanatta



sexta-feira, 4 de março de 2011

DIAS DE FOLIA!


Desde ontem a cidade está entregue à alegria.
Pára tudo,tudo pára,o que conta é a folia!
Tempo de descarregar stress,esquecer as mágoas,todos viram reis e rainhas,todos têm obrigação de felicidade.
A cidade se engalana e até o Prefeito é amado; vamos esquecer os transportes precários,a vida dura,o lixo espalhado,afinal,a maior catarse pública no mundo é o Carnaval,entreguemo-nos a ele.
A música ,muitas vezes monocórdia,canções de duplo sentido,obscenas na sua grande maioria,embala os foliões.
“Sex in the city”! Os americanos inventores dessa série de TV não sabem da missa a metade.Sex in the city?!É aqui mesmo,nas ruas de Salvador.
Alíás,dizem as más línguas que americano não sabe trepar.Como é que se vai confiar num povo que,na hora H ,geme:-Oh,God,OhJesus,como narra o querido  Ubaldo,nas páginas d’ “A Casa dos Budas Ditosos”,o maior tratado de sacanagem que já se escreveu desde “Ligações Perigosas” e que só podia acontecer na Bahia.Pois aqui,durante o tríduo momesco (soa meio pedante,não é?)não é só uma casa é a cidade dos budas ditosos.
De Ondina ao Pelourinho a libido anda solta.Ninguém é de ninguém,o vale tudo se instala.
Pouca roupa, hormônios em alta,música provocativa...
Se a gente pensar bem,o nosso Carnaval  é isso:música,sexo e alegria,natural ou forjada.
Não temos  a majestade das Escolas de Samba cariocas,com seus carros alegóricos  e fantasias milionárias.Nem a magia do Carnaval de Olinda que ainda gira em torno de gente fantasiada,belos ritmos,como o frevo e o maracatu,os mamulengos,os bonecos gigantes,os blocos ,gente na rua,sem cordeiros* e carnês para pagar.Tudo “free”,de grátis,como diz o Zé povinho,senhor de todas as festas.
Acho que,em Recife,capaz que apareça o “lalauça” e o Zé Pereira.Capaz!
Quer alguma coisa parecida com o belo Carnaval dos anos 50,na Bahia? Vá prá Olinda!
Que é isso,cara,não precisa dizer o nome da minha mãe morta,se enquadre,bicho,que não estou querendo encher a bola dos pernambucanos.É que amo o Rei Momo,o Dissimulado,mas,também amo a deusa Verdade e gosto de me render a ela.E,tenho saudade dos antigos carnavais,porra! fazer o que?!
Sei que é uma perda de tempo,passou,passou,mas,como esquecer a Segunda – Feira gorda do Baiano e o corso na Rua Chile,hein! Me poupe,me economize,quer que eu saia cantando “minha mulher não deixa não?”
Claro que temos o Trio Elétrico,antigo “pau elétrico” de Dodô e Osmar,que faz inveja a todo mundo.O Brasil inteiro quer correr atrás do Trio,só não vai quem já morreu ,aliás,há controvérsias,pois,o Vadinho da Dona Flor não brincava atrás do Trio Elétrico mesmo depois de desencarnado.Pois é,brózer,coisa que só se vê na Bahia,cidade mágica,por excelência.

Bom,não quero comprar briga,sou da paz,nem quero esculhambar nosso Carnaval de agora.
Muita gente gosta,milhares,centenas de milhares,a quantidade de povo nas ruas prova isso.
Hora de soltar as frangas!
Tá tudo certo,faça amor e não guerra.
Melhor estar aqui na Avenida que na Líbia.Aliás,as fantasias que o 
Khadafi usa são o máximo!Fariam muito sucesso por aqui.

*Cordeiros:homens fortes, pagos para segurar as cordas que 
protegem os foliões pagantes dos blocos chiques.

 Texto da Miriam Sales