terça-feira, 30 de agosto de 2011

A VIDA NAQUELES TEMPOS!...















 A VIDA NAQUELES TEMPOS!...


Quem casa quer casa,mas,vai morar em apartamento.Não na Bahia de antes da Segunda Guerra.Havia casas de todos os tamanhos para todos os bolsos.
Família de classe média   recusava-se a morar num primeiro andar em cima de casa comercial,fosse farmácia,armazém ou padaria;não era bem visto e o chefe da família daria nó em pingo d’água prá não submeter sua gente   a esse vexame
.A pobreza remediada vivia em pequenas moradias com um jardinzinho na frente,onde não faltavam palmeiras e pés de buganvília ou,roseiras carregadas de flores brancas e olorosas.Ao fundo,um pequeno quintal com mangueiras plantadas onde se colocava a rede para a sesta do dono da casa.
Não raro,o banheiro era construído lá também,fora do corpo da casa,nem sempre azulejado,pois,ninguém ligava para luxos naqueles tempos  onde banheiro era para se banhar e para as necessidades vergonhosas do ser humano.
Havia um vaso(quando havia,a maioria das vezes era um buraco no chão,uma espécie de fossa,coberta com um tampo de madeira).Papel higiênico era luxo inexistente,a família servia-se de  folhas de árvores ou papel de jornal:
Jingobel,jingobel
Acabou papel
Não faz mal, não faz mal
Limpa com jornal.
O banheiro podia ser  precário,mas,toda casinha que se prezasse,tinha que ter sala de visitas,com sofás e poltronas,uma mesinha de centro com jarro de flores naturais cortadas cedo no jardim ou quintal,tapetes e cortinas,além da escarradeira e do porta chapéu.Todos os homens andavam de chapéu e algumas mulheres também.Crime de lesa majestade era um cidadão entrar numa casa de família com um chapéu na cabeça;era muita desconsideração com o chefe da família.Conheci um velho que gritava logo,mau humorado:
-A casa é de  pobre,mas,o telhado não está furado,prá vosmecê entrar aqui sem tirar o chapéu.
As visitas de cerimônia eram recebidas na sala; conversavam , tomavam café ou chá com bolinhos ,ou comiam um doce de calda;podia ser feito com as suculentas goiabas,os dourados cajus ou até da jaca ou de  leite, sempre preparados pela dona da casa;mas,nunca doce de banana,que se dizia era o doce servido nos “castelos”,ou seja casas suspeitas.O refresco de umbu ou cajá acompanhavam os doces.
A sala de jantar era onde a família se reunia entre si ou com os mais  íntimos,”ratos de casa”,como se dizia dos amigos chegados ou aderentes.Tinha uma grande mesa redonda ou quadrada,cadeiras simples ou de espaldar alto,dependendo da posição social  do dono da casa,que invariavelmente se sentava á cabeceira,se a mesa fosse quadrada.Um guarda louça enorme ou guarda comida,cheio de gavetas e portas completava a mobília.Como quase ninguém tinha geladeira,colada á sala e perto da cozinha,ficava a despensa.Lá se guardavam os mantimentos.
A cozinha era o reino da dona da casa e suas filhas  mulheres.O grande fogão á lenha não podia faltar e era o centro das atenções.Havia sempre uma chaleira de água quente sobre ele no fogo sempre aceso,a lenha crepitando ,criando um ar domestico inesquecível.Não esquecer do forno feito de alvenaria,(bem como o fogão,)com a sua enorme boca escancarada onde se assava o pão caseiro e o peru de natal ou das grandes ocasiões.Era uma pobreza limpa,decente,sem móveis luxuosos ou aparadores caros,porém ,não faltava o necessário ao bom convívio,nada mesmo,nem o respeito.
As casas mais simples podiam ter dois ou três  quartos,o do casal,com sua larga cama de madeira maciça e colchão de barriguda,onde eram feitos e nasciam os filhos do casal,nas mãos de uma “aparadeira”, pois médico era luxo para poucos.
Olhando para trás,não sei porque,me parece que as pessoas eram mais felizes.Reinava a disciplina e o respeito.Os filhos,tivessem a idade que tivessem,tomavam a benção aos seus pais e ouviam as singelas,mas,potentes palavras:-Deus te abençoe,meu filho,te proteja e te guarde.
Acho que as pessoas se sentiam mais fortalecidas.

*Este e muitos outros textos sobre a vida na Bahia,antigamente,estão no livro "A Bahia de Outrora",desta autora.

sábado, 20 de agosto de 2011

OLHA EU AQUI!...

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TRABALHO DO PINTOR LUIZ RODRIGUES DA SILVA JR.
ÓLEO SOBRE TELA
CONTATO:
ENCOMENDE O SEU!

A VELHA BAHIA: A ETERNA "MISS" DE OLHOS AZUIS E OUTRAS ESTÓRIAS,,,


A ETERNA MISS DE OLHOS AZUIS
Falar de Martha Rocha não é difícil; fomos contemporâneas.Ela nasceu em 19/09/36 e eu nasci em 1942.
Quando foi eleita Miss Bahia,em 1954 ,eu era uma adolescente de 12 anos,antenada com o mundo.
Maria Martha Heckel Rocha era a sétima filha do casal Álvaro,engenheiro e professor e Hansa,dona de casa.Família patriarcal,de classe média,seguia os costumes da época; eles moravam na Barra,passavam as férias em Mar Grande,na Ilha de Itaparica,mares onde muitas vezes me banhei.Dos irmãos de Martha,lembro do belo Gustavo e de Laura,que Martha dizia ser a  mais  bela do clã,e ,depois casou-se com um big shot da Ford e foi morar nos States.
A vida da bela menina de olhos azuis mudou,quando,Guilherme Simões,sobrinho do todo poderoso Simões Filho,dono do jornal “A Tarde”,convenceu-a  a se candidatar a Miss Bahia.Os pais foram contra. Mas,não proibiram a filha de tomar decisões.Martha chegou ,viu e venceu.Pouco tempo depois aterrissava no Rio,com seus cabelos dourados e um corpo escultural.Miss Brasil, quase Miss Universo,o universo a seus pés.Tinha 18 anos.
Além da beleza, tinha carisma.Um sorriso contagiante.Nos States,desceu do avião como vencedora.Conquistou público e imprensa.Mas,perdeu o cetro;virou vice.Para a semgracice da Miriam Stevenson.Alguém aqui conhece?Sabe quem é?Dizem que Martha perdeu por duas polegadas a mais.Segundo ela,suas medidas nunca foram tomadas.
Por duas polegadas a mais
Passaram a baiana prá trás
Por duas polegadas
E logo nos quadris
Tem dó,tem dó seu juiz...
...reclamava a marchinha de carnaval.

Mas,teve Hollywood aos seus pés e ganhou 30 mil dólares para fazer um comercial da Gessy-Lever.
Martha foi vítima daquilo que torna os baianos incomparáveis: a mestiçagem.Ela tinha sangue de húngaros,suíços,portugueses,espanhóis e negro,naturalmente;todo baiano autentico tem o pé na cozinha;daí a bunda,as polegadas a mais;daí os seios fartos.Daí,a inveja que a prejudicou.Chamava-se Martha Rocha e deixava “morta e roxa” de inveja não só as americanas desbundadas,como algumas baianas,desta terra tão provinciana nos anos 50.Martha era muito “dada”,avançada”,era como falavam as mulheres que queriam os homens que queriam a ela e os homens que queriam a ela e que ela não queria.
Reza uma lenda, que,num baile de carnaval,Martha,ainda desconhecida,quis ir ao baile “Preto e Branco “do Baiano de Tênis,clube tradicional dos ricos de nomes quilométricos desta terra,tão orgulhosos que até parecia terem parido os antepassados;Na Bahia cinquentista, se você era apresentado a alguém,antes de lhe estender a mão,vinha a indefectível pergunta:
-A que família você pertence?Quem não tivesse um nome coroado,dançava.
Pois é,o”Aristocrático”,como era o slogan do Baiano,vetou a Martha.Bola Preta!
Depois quase  eleita Miss Universo,o Baiano preparou um baile digno das mil e uma noites para homenageá-la;A moça que mostrou ao mundo que esse povo de feios,tinha beldades,também.Tudo pronto,convite feito,personalidades presentes,Martha teve, enfim  , a sua vingancinha;não compareceu,nem deu explicações.
Casou-se duas vezes e teve três filhos.Teve muitos altos e baixos na vida,como todos nós;mas,superou tudo,graças á sua força,inclusive um câncer de mama.Hoje,se dedica aos netos e á pintura,sua paixão e fonte de renda.
Termino com a frase de Caymmi:”Eu nunca soube o que era mais belo,se os olhos de Martha ou o mar de Itapoan.”O Mestre sabia das coisas.





             CULINÁRIA DA BAHIA


   
               BEIJU DE COCO COM LEITE
Faça o beiju com tapioca  enxuta.Quando perceber que um lado já está cozido,vire.Cozinhe o outro lado;ponha dentro o coco ralado e feche,dobrando as partes.Deixe ficar no forno para torrar.
Se quiser molinho.
Enrole numa folha de bananeira e dixe amolecer no suor.
Toma o gosto do coco.o,deixe por pouco tempo.








                    Oração a Santo Antonio
Meu glorioso Santo Antonio, com vossa falange bendita,ajudai-me nesta jornada,para que eu possa conseguir(falar o que deseja).Com o vosso cordão de prata que trazeis em vossa cintura,amarrai o que desejo(falar o desejo),até que chegue ás minhas mãos,sem prejuízo para os meus irmãos.Minhas necessidades são muitas,por isso,peço-vos que me guie no caminho a seguir,na vontade de Deus Todo Poderoso.
Se houver alguma amarração em meu caminho desamarrai-a e o mal que nele estiver,que por vós seja amarrado,com a permissão do Pai Supremo,ao vosso cordão de prata.
Meu glorioso Santo Antonio,com a vossa força de rei,ninguém melhor do que vós para com toda a vossa imensa falange ajudar-me a conseguir(falar o desejo).
                                       Amém!
Esta oração deve ser lida por três dias seguidos ao meio-dia a ás seis da tarde, sempre em ponto,diante de uma vela acesa.   E com muita fé!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

"CAUSOS" DA BAHIA



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*Criação de Miriam Sales
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UM FATO E TRÊS VERSÕES
Seu Plutarco era um homem de opinião.Cáustico,mal encarado,pouco falava e quase nada ouvia pois,graças ao seu proverbial  mau – humor tinha poucos interlocutores.
Sendo  pouco comunicativo as pessoas se perguntavam porque um sujeito assim tinha uma mercearia.Parecia a pessoa menos indicada para lidar com o público;pelo menos,o público daquela rua conhecida como a rua dos fuxicos e mexericos.
Mas,seu Plutarco estava ali há 14 anos;de avental ,sempre atrás do balcão,lápis atrás da orelha,tudo vigiando e tudo vendo.
Se o freguês precisava se informar sobre a mercadoria ele respondia com quatro pedras na mão ou,simplesmente mandava à merda.
Um garoto com cara de fuinha,magro como um arenque,estava sempre por perto para despachar o sal ou o café e fazer pequenos mandados.
Exatamente às onze  horas,com a precisão de um cronômetro,seu Plutarco acena para o garoto e diz:
-Tonico vai na venda de Olegário e trás uma garrafinha de cana.Bote dentro deste saco prá não dar na vista.E não demore.
Seu Plutarco jamais vendia  cachaça na sua mercearia; dizia que era bebida do demo,que destruía famílias e ele não se prestava a esse papel de intermediário do diabo.
Se o freguês insistisse sobravam os palavrões.
Assim que o garoto chega seu Plutarco, escondido no banheiro,começa a mamar a garrafa.O bem –bom dura pouco e,logo,logo ele volta para atender a freguesia.
O calor da tarde é forte,por volta das quatro horas todos estão fazendo a sesta,seu Plutarco chama novamente o garoto.Quer outra,mas, recomenda:
-Trás escondido prá essa gente não falar que sou bebum.Bebo um pouquinho para distrair,mas,essa gente não respeita ninguém.Trás embrulhada no jornal.Quem não gostar que se dane!
O menino vai,compra,embrulha,vem,entrega e sai.
Lá dentro a festa continua.
Cai a noite e perto das oito seu Plutarco vai fechar a loja.
Vem cambaleando,uma maçaroca de dinheiro nas mãos,fungando qual um gambá,ar desafiador  e chama o garoto.
-Tonico,vai no Olegário e trás duas garrafas.Da boa.Da de Santo Amaro.E nada de despiste.Deixa todo mundo ver.Ninguém tem nada com isso,bebo com meu dinheiro,eles que se f#*@&.
E batendo uma mão na outra:-Corre,moleque!








               VAMOS FAZER ABARÁ

- 500grs de feijão fradinho.
- Uma média de 6 folhas de bananeira, cortadas em quadrado médio.
- 2 Cebolas grandes,em pedaços.
- 250grs de camarão seco.
- 1 Colher (chá) de gengibre ralado.
Dendê a gosto; eu uso pouco, umas duas colheres.
Depois de tirar as cascas do feijão, passa no processador, juntamente com a cebola, o gengibre e um pouco de alho. Não esquecer o sal. Vai virar uma massa cor de creme, compacta e cheirosa. Então, misture carinhosamente o pó do camarão, que já deve ter sido processado bem fino, incorporando-o delicadamente à massa.
Daí, com o auxilio de uma colher de sopa, arrume a massa na folha da bananeira (alguns a escaldam antes, mas acho que fica mole), dobre a folha, como se fosse fazer um embrulho de presente, e cozinhe 30 minutos no vapor. As "baianas” costumam colocar os talos da bananeira no fundo da panela, como uma espécie de trempe, e acomodar, delicadamente, os abarás nesta trempe, com água suficiente para o vapor que vai cozinhá-los. Pronto: é só fazer o molho.
Passe o camarão seco no processador, depois frite a cebola no azeite até ficar mole, junte o camarão e a pimenta malagueta, e refogue por uns 10 minutos. Se precisar, coloque um pouquinho de água.
Aí você convida seu amor para jantar, prepara o clima, as cortinas de renda perfumadas de patchouli, a mesa com crisântemos numa toalha de renda, uma cachacinha de cabaço (se ele já tiver dobrado o cabo da boa esperança, melhor lhe dar o Pau da
Resposta). Deguste o abará com pimenta. Cada um começa a comer de um lado, saboreando sem pressa até que o abará acabe. Os lábios se encontram e, aí amiga, QUE LOUCURA!
Vem, a Bahia te espera!





               A MULHER DE ROXO

Uma mulher, vestida de roxo, com roupas longas, mantas compridas, um grande crucifixo e uma Bíblia na mão tornou-se um mito popular do Centro Histórico nos anos 1970. Sua vestimenta, seus acessórios e o modo como ficava nas ruas – sentada, sem conversar ou pedir esmola – suscitava na imaginação dos que a viam o ar de uma mendiga, de uma santa ou de uma louca. A mulher de roxo ficava próximo à loja Slopper, na Rua Chile, local onde as damas da sociedade baiana se reuniam para comprar roupas.

Alguns afirmam que ela se chamava Doralice, outros Florinda. Alguns afirmavam que ela ganhava as roupas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, outros que ela mesma costurava retalhos roxos e transformava-os em vestidos. Estórias sobre a vida e o por que daquela mulher está nas ruas está presente em livros, contos publicados em jornais e até em vídeo.

Segundo Anísio Félix, a Mulher de Roxo “apareceu nos anos 1960 na zona do Pelourinho, exatamente na casa de número 6 da Rua Gregório de Mattos, em um bordel conhecido como Buraco Doce. Ela era uma mulher muito bonita, cabelos negros longos, vestidos caros e jóias” (FÉLIX, 1995, p. 101). Depois passou a morar nas ruas.

Em alguns momentos a Mulher de Roxo perambulava pelo Centro Histórico vestida de noiva, com buquê, véu e grinalda. Com isso surgiu a lenda de que havia sido abandonada no altar, ou que era uma ex-freira expulsa por causa de um namorado, ou que tinha um filho que a rejeitava, que já havia sido muito rica, que era professora, e por tudo ou nada disso, tinha enlouquecido. Nada se sabe. O que se tem certeza é que em 1993 e por alguns anos a Mulher de Roxo esteve internada no Hospital Santo Antonio, organização das Obras Sociais de Irmã Dulce.


*Texto de Guiliana Kuark

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

BRINCADEIRAS INFANTIS



Apesar dos tempos agora serem  outros,tempos de videogames e cinemas 3D,ainda existe gente que gosta e pratica certas brincadeiras infantis.
Gente como as vovós e bisavós (elas ainda  existem,eu sou uma prova disso) ou tias velhas ou velhas amas que não deixam morrer estas brincadeirinhas que tanto encantavam as crianças de outrora.Mesmo porque, a memória coletiva não  desaparece totalmente,graças a Deus.
A bola de gude,o pular corda, o três-três-passará são eternos.Bem como as brincadeiras com os dedos que a gente costumava fazer com criancinhas de colo ou até os três anos.E que tanto as divertia!
Comecemos pelo “o gato comeu”,também chamado de” dedo mindinho”.
Vocês ainda se lembram?
Começava assim:
Dedo mindinho( que era o dedo mínimo)
Seu vizinho(o anular)
Maior de todos (o dedo grande)
Fura – bolos (o dedo indicador)
Mata – piolho (o dedo polegar)

Depois de nomeados os dedos um por um,pega-se na mão da criança e cutuca o meio com o dedo indicador, perguntando:
-Cadê o toucinho que estava aqui?
-O gato comeu.
E,continua:
-Cadê o queijo que estava aqui?
-O gato comeu.
Ai,continua-se enumerando coisas comestíveis,enquanto a mão vai subindo pelo braço da criança ,fazendo cócegas e até paradinhas estratégicas,como:
- aqui parou para beber água;
-aqui parou para cochilar.
-aqui enxugou o suor;
Ao  chegar às axilas,ou quiquiu,como se dizia,aumenta as cócegas e se diz:
-Está aqui! Está  aqui! Enquanto a criança ri,feliz.
Bons tempos de inocência e tranqüilidade!
Esta é a forma mais corriqueira.
A seguinte é mais  cheia de palavreado,mas,não menos engraçada:
-Cadê o bolo?
-O gato comeu.
-Cadê o gato?
-Fugiu pro mato.
-Cadê o mato?
-O fogo queimou.
-Cadê o fogo?
-A água apagou.
-Cadê a água?
-A vaca bebeu.
--Está catando milho.
-Cadê o milho?
-A galinha comeu.
-Cadê a galinha?
-Está pondo ovo.
-Cadê o ovo?
-O padre comeu.
-Cadê o padre?
-Está rezando missa?
-Cadê a missa?
-O povo assistiu.
-Cadê o povo?
-Caiu no mundo...
..e,por ai se ia,até a criança cansar e dormir.
Outra brincadeirinha  é   assim:
A criança  fica de mãos postas como se estivesse rezando,mas,batendo um dedo no outro correspondente,exemplo,polegar com polegar,indicador com indicador etc,mas,sem desgrudar as palmas.
Comecemos pelos polegares:
-Este diz:
-Sem pai se vive.
Agora,o indicador:
-Esse sim,sem mãe se vive.
O maior de todos  diz:
-Sem casa se vive.
O anular diz:
-Sem dinheiro se vive.
O mindinho diz:
-Sem amigos se vive.
Ai,a pessoa fazia um gesto ou um olhar que mostra como é difícil viver sem dinheiro ou amigos.
Encontramos mais uma fórmula trazida por Câmara Cascudo:,começando pelo dedo mínimo:
Este diz que quer comer.
Este diz não ter o que.
Este diz que vai roubar.
Este diz:não vá lá.
Este diz que deus – dará
Ou a fórmula de Teixeira Barros:
Este diz que está com fome.
Este diz que não tem  nada.
Este diz que vai furtar.
Este diz que não vá,não.
Este diz deus proverá.
Prometo continuar pesquisando. Não se pode deixar morrer essas tradições.

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                            BAHIA DOS MEUS ENCANTOS

Nem só de Itapoan vive o turismo da Bahia.
As praias do Litoral Norte tão diversificadas ,completam o colar de safiras no colo da menina Salvador,tão airosa e chameguenta.
O acesso a essas praias é muito fácil;além dos ônibus de carreira,pode-se ir de carro e seguir pela Estrada do Coco até alcançar a Linha Verde.
Separe um troquinho para o pedágio R,$4.60 durante a semana eR $6.90 nos fins de semana  e feriados.
Pronto, já na estrada as opções são inúmeras.As mais badaladas são Guarajuba,Imbassaí,Praia do Forte Costa do Sauipe.

                                              Praia de Imbassaí
Não se preocupe com a hospedagem; desde casas de aluguel até resorts principescos  você encontra lá.
Se não estiver bom de banco,pousadas e hotéis menos grã-finos resolvem o problema com simplicidade e conforto.
A praia de Guarajuba fica a 40 km de Salvador.Um pequeno paraíso com enormes piscinas naturais e rodeadas de corais.
O aluguel de uma casa num condomínio fechado fica por cerca de R$12.000 por mês.
Já no Resort  Vila Galé durante 04 dias para casal custa cerca de R$2844.00
Prefere procurar mais? Então tente Imbassaí,cujas águas mornas do Rio Pojuca encontram o mar e fazem as delícias das crianças e adultos,também.
As pousadas e os resorts são confortáveis e seguros e os preços combinam com qualquer bolso.Vão de R$129  (pousadas) a R$1092,no resort  Palladium (casal).
Praia do Forte é a nossa Côte D’Azur e é procuradissima pelos turistas do mundo todo.Mas,os preços são primeiromundistas,of course.

                                                  Praia do Forte
Uma casa  com piscina,muitos quartos e área de lazer  fica por R$18.000 no mês de Janeiro,altíssima temporada.
O bom de lá,entre outras coisas ,é a gastronomia.Não perder o Bar do Souza,famoso pelos bolinhos de peixe  e o Restaurante do Zequinha,cujas moquecas é de se comer,rezando.
Por fim,temos a Costa do Sauípe,com seus resorts luxuosos,courts de tennis e preços salgados.
                                           Costa do Sauípe
Um pacote de 04 noites pode sair por R$2700 por casal, serviço incluído.
As pousadas, com café da manhã ficam por R$1900 quatro diárias de casal.
Mas,como dinheiro é feito prá se gastar e aqui dizemos que mais vale um gosto que seis vinténs,tire o carro da garagem ,pé na estrada e boa diversão.!





        BAHIA DE TODAS AS ARTES

                      Jenner Augusto




Auto- retrato
Sergipano de nascimento, Jenner Augusto foi, no entanto, um dos integrantes do movimento de renovação das artes plásticas na Bahia, durante a década de 50, junto com Mário Cravo Jr., Genaro de Carvalho, Carlos Bastos e  Carybé, entre outros.
 Antes disso, em seu estado, foi o precursor da Arte Moderna, já que em 1949 realiza os murais decorativos do Bar Cacique. Filho de uma professora, Jenner passou grande parte de sua infância mudando pelas cidades do interior de Sergipe.
 Humilde, trabalhou como engraxate, sapateiro, ajudante de alfaiate, pintor de paredes, até começar a fazer cartazes para filmes. Começa a se interessar pela obra de Horácio Hora (1853 - 1890) na década de 40, o que incentiva a sua pesquisa no campo da pintura.
 Seus primeiros trabalhos são acadêmicos, já que o contato com o Modernismo já amadurecido no Rio de Janeiro e em São Paulo era quase impossível. Por volta de 45, data de sua primeira exposição, começa a integrar-se no ambiente artístico de Aracajú, e em 49 realiza a decoração do Bar Cacique, marco da Arte Moderna no Sergipe, onde aparece clara influência de Portinari, prova que as informações dos centros culturais do país começavam a chegar às capitais.


 Neste mesmo ano muda-se para Salvador, onde conhece Mário Cravo e Rubem Valentim, com eles expondo no ano seguinte na mostra Novos Artistas Baianos, junto com Lygia Sampaio. Nos anos seguintes, além de participar da I Bienal de São Paulo (51), realiza importante mostra na Galeria Oxumarê, de Salvador (52), participa do Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio, em 53 voltando a expor até 62, além de receber o prêmio de viagem da UFBa no V Salão Baiano de Belas Artes (54).

                                  Os Coroinhas
 Expondo no Rio de Janeiro, em 55, conhece Portinari e Pancetti, que divulgam o artista no meio artístico. É neste mesmo ano que conhece o maior divulgador de sua arte e um de seus maiores fãs, Jorge Amado.
 Sua obra, nesta   altura, era marcada pela influência de Portinari, e a temática começava a tornar-se baiana, sempre retratando trabalhadores e cenas cotidianas. Em 53 realiza o afresco Evolução do Homem, no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, que além de Portinari, carrega forte influência do muralismo mexicano, como de resto acontecia com outros artistas da época. A partir do final da década, no entanto, Jenner se aproxima da abstração lírica, e seu trabalho demonstra uma maior preocupação cromática, em detrimento da linha de Portinari

                                    Alagados
Retoma a figuração logo depois, com a série Alagados, denunciando a pobreza ao  mesmo tempo que pintando com um colorido que dá à estas obras um extremo lirismo. Surgem outras séries, como a dos Coroinhas, mas de maneira geral, a partir do final dos anos 60, sua obra é paisagística, oscilando sempre entre o figurativo e o abstrato, com predomínio constante dos grandes planos cromáticos, sem grandes inovações até os dias atuais.
Cassandra de Castro Assis Gonçalves [bolsista IC - FAPESP]
Profa. Dra. Daisy V. M. Peccinini de Alvarado [orientadora


                                    Casario Baiano









                     SUPERSTIÇÕES                                 AGOSTO
Será que tem alguém que não acredita em superstições?Que nunca usou um patuá,seja pé de coelho ,ou figa ou medida do Bomfim.?Duvido!
A superstição é filha do medo,daquele medo ancestral do desconhecido e que desde tempos imemoriais sujeitos mais espertos que os outros se aproveitaram e criaram as religiões.
Não sei    desde quando Agosto passou a ser considerado o Mês do Desgosto.
Na época dos romanos,com certeza,que deram ao oitavo mês do ano o nome do Imperador Augusto,vencedor de César.
Os romanos viam maus presságios neste mês,em que acreditavam ver um grande dragão atravessando os céus,botando fogo pela boca,horrível,arrastando com ele morte e destruição.Era apenas a constelação de Leão,mas,o medo os fazia enxergar monstros e desastres.
Por ser um mês muito frio e dado a ventos desembestados,o imaginário popular dizia que as almas penadas saiam a pedir rezas e assustar os mortais,arrastando correntes  com um uivo aterrador;quem não se lembra de D.Bibiana Terra,personagem de “O Tempo e o Vento”,que ,na sua cadeira de balanço,monologava:-Noite de ventos,noite de tempestades.
Na Argentina não se lava o cabelo durante esse mês:atrai a morte.
Em Portugal,país rico em crenças misteriosas,ninguém casava no mês de agosto;era quando os navios zarpavam a descobrir novos mundos e as moças corriam o risco de não ter lua-de-mel,nem marido algum dia,pois o risco de enviuvar era constante;há um velho ditado português:”casar em agosto,traz desgosto.
”Por conta disso as pessoas não viajam, não se mudam,não casam,nem começam negócios no mês de agosto;se um idoso passar incólume esse mês,não morrerá durante esse ano.
O certo é que muita coisa ruim aconteceu neste mês:duas guerras mundiais,o genocídio americano em Hiroshima e Nagasaki,a Noite de São Bartolomeu,inúmeras revoluções e desastres.
No Brasil,o suicídio de Getulio,no dia 24,que é também o Dia da Sogra,os terreiros de candomblé ficam em alerta máximo,pois é o dia que os exus andam soltos e incontroláveis.
 Na Europa,acreditam que é o dia em que o Diabo tira para passear e espalhar maldades.
No dia 25,Jânio renunciou criando a maior crise institucional neste país,desde a República;dizendo ele,que, influenciado por “forças ocultas,seja lá o que isso signifique.
Já no dia 22,um desastre de automóvel muito mal explicado,matava Juscelino.
E tome quarteladas,revoluções,desastres aéreos ou marítimos,tudo nesse mês.Que ainda é o mês do cachorro louco,ninguém sabe porque,mas,todos querem vestir a camisa pelo avesso,para se livrar dos dentes do cão.
Na Bahia,a gente toma banho de pipoca para desfazer mal feitos e tirar ziquizira;é o mês de Obaluaiê,santo vetusto que aparece nos terreiros vestido de palha sem nunca mostrar o rosto,senhor das doenças , da peste e epidemias;na Igreja Católica é S.Lázaro,sempre representado por um cão que lhe lambe as feridas,talvez venha daí a estória com os cachorros.
Quem me pergunta se acredito no azar,como boa baiana,digo que sim.Vejam a Lei de Murphy:”quando alguma coisa está fadada a dar errado,dará.”
De qualquer sorte trago para vocês essas medidas do Bonfim,que já me valeram,para que os proteja dos malefícios,dos cachorros,dos políticos,das moléstias ,das guerras,das sogras e das almas penadas,pois,digo como os espanhóis:”yo no creo em brujas,pero que las hay,las hay.”
Ah,agosto é também o mês das bruxas.Haja patuá!

                     INTÉ,MEU REI