domingo, 12 de junho de 2011

POEMA DE JORGE LUIS BORGES


O Apaixonado

Luas, marfins, instrumentos e rosas, 
Traços de Dúrer, lampiões austeros, 
Nove algarismos e o cambiante zero, 
Devo fingir que existem essas coisas. 
Fingir que no passado aconteceram 
Persépolis e Roma e que uma areia 
Subtil mediu a sorte dessa ameia 
Que os séculos de ferro desfizeram. 
Devo fingir as armas e a pira 
Da epopeia e os pesados mares 
Que corroem da terra os vãos pilares. 
Devo fingir que há outros. É mentira. 
Só tu existes. Minha desventura, 
Minha ventura, inesgotável, pura.
Jorge Luis Borges, in “História da Noite”

2 comentários:

  1. Venho agradecer sua honrosa visita à Egrégora: Carrancas Literárias e deparo-me com Borges, um enciclopedista e mestre da prosa fantástica em textos curtos. O momento foi realmente oportuno.
    Um fraterno abraço

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  2. Bem vindo ao meu cantinho,Luiz.
    O"mago" Borges pé um dos meus favoritos.
    Procuro sempre deixar um espaço aberto aqui para os notáveis.
    Obrigada pela visita. Abç

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