quarta-feira, 15 de setembro de 2010

NOS TEMPOS DA BRILHANTINA!

A     gente não tem que caminhar muito para encontrar saudosistas.Pessoas que conheceram nossa cidade,pacata,quieta,provinciana,onde quase todos se conheciam,tempo de serenatas nas portas e cadeiras nas calçadas.Agente até podia ouvir os sinos!Êles tocavam para avisar sobre incêndios,davam horas,repicavam alegremente nos dias de festa,dobravam sobre finados,choravam pelos “irmãos”,chamavam os fiéis para as missas e novenas.Alegravam a cidade com seus toques ruidosos.Até se davam ao requinte de diferenciar os toques,algumas vezes com a boca prá baixo,outra prá cima,caso o finado fosse homem ou mulher.Os sinos de São Francisco,do Carmo,do Desterro, da Sé....As festas de largo,as quermesses,as novenas,os ternos de Reis.E a saudade vai ficando,abrindo os caminhos,logo agente lembra dos automóveis,capotas arriadas,o fonfon(o que é que há com a sua baratinha,que não quer funcionar?)os corsos,as matinés de domingo,onde os namorados trocavam beijos,”coladas”,como se chamava antigamente os beijos de língua,apesar das tias acompanhantes,sempre atentas,protegendo a donzelice das sobrinhas.;as “soirées”,elegantes,as moças de chapéu,pastinhas sobre a testa,chamada “pega-rapaz”,muitas imitavam nos trajes e penteados,a última moda de Hollywood.Moça casadoira,ás tardes,ficavam nas janelas,debruçadas nos peitoris,tinham até almofadas para descansar o cotovelo.O rapaz passava,devagar,fazia uma reverencia,com seu chapéu panamá,um bigode á Errol Flynn,ídolo da época-quem se lembra!? Do seu riso safado e bigodinho fino,sucesso entre os rapazes.Os mais afoitos piscavam o olho,a moça piscava de volta,havia a linguagem das flores,um outro dia falarei delas,os enamorados se entendiam.

E as festas?Esperar pelas festas,que alvoroço;elas aconteciam o ano todo,a maioria de igreja,maravilha quando havia quermesse ou procissão,banda de música no coreto do jardim,ou ver a banda passar,cantando coisas de amor.As mocinhas de braços dados,feito cordas de caranguejo,vestidas de rosa ou lilás,azuis suaves,verdes ternos,branco virginal.Figurinos de Lana Lo bell,vaporosos,diáfanos,decotes discretos,insinuando sem mostrar,ativando a imaginação dos rapazes;que,no alvoroço,prometiam bonbons aos irmãos mais moços da garota que queriam namorar e até uns tostões,para mante-las longe das tias,e poder ganhar um beijo roubado.Tem até aquela estorinha do namorado que prometeu um tostão ao irmão caçula da amada prá ficar vigiando a rua,debruçado na janela,avisando sobre qualquer vivente que passasse e pudesse pega-los no flagra;o garoto foi dando o alerta e papando seus tostãozinhos,até,que-garoto honesto-alertou:olhe,é despartido prá você;vem passando aí uma procissão.



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