domingo, 29 de março de 2015

PARABÉNS JOVEM SENHORA PELOS SEUS 466 ANOS!


                       O BLOG DE MARÇO/2015
                       HOJE É DIA DE FESTA




Salvador faz hoje 466 anos.
 Nossa bela capital ,apesar da idade, está cada dia mais nova e saudável.
Apesar do seu lado austero,cheia de monumentos centenários e 365 igrejas,como diziam os antigos(nunca contei,mas,sei que são inúmeras,vetustas e,quase todas muito ricas),uma nova cidade começa a surgir,com bairros urbanizados e elegantes,largas avenidas,hotéis luxuosos e condomínios maravilhosos cercando suas praias.


A cidade enfrenta ainda  muitos problemas,comuns aos grandes centros urbanos  do país:segurança,saúde,educação,transporte; mas,aos poucos e com paciência(uma virtude dos baianos) tudo vai sendo resolvido a contento e podemos receber bem,com o jeitinho baiano tão cantado em prosa e verso,os turistas que nos visitam. 

Não sei se o brasileiro é “o homem cordial”, de que nos fala Buarque de Holanda,no seu “Raízes do Brasil”; mas,sei que o baiano é cordial,amistoso,alegre,companheiro e sempre pronto a receber bem quem nos visita .
Nossas portas estão sempre abertas e sempre cabe mais um nos nossos corações.

A cidade que hoje aniversaria foi saudada pelo sol e seus raios de luz e calor envolveram todos os seus filhos; o mar trouxe uma brisa fresca e as árvores pareciam sorrir.

Afinal, é festa na Bahia! 


Hoje também, fazem 507 anos da chegada do primeiro europeu a viver na  cidade ,Diogo Álvares Correia,o Caramurú,que casando-se com a filha do cacique Taparica,a bela Catarina Paraguaçú,deu origem á miscigenação entre as raças brasileiras,que fizeram deste país uma ilha de paz e concórdia,graças ao entendimento entre raças diferentes.
Para celebrar esta alegria, termino com os belos versos finais do poeta Martins D’Alvarez sobre a Bahia: 


Bahia, filha de um sonho
Que teve Nosso Senhor,
Depois fazer o universo,
No dia que descansou;
E, que depois de criada
Agradou tanto ao Criador
Que este de uma só penada
-com letra bem caprichada-
escreveu sobre a fachada
“Terra de São Salvador!” 




                                 1549,A FUNDAÇÃO DA CIDADE


A Cidade de Salvador,capital da Bahia foi fundada  a 29 de março de 1549.D. João III,rei de Portugal armou uma expedição especial para  estabelecer um governo no Brasil,terras recém conquistadas para a Coroa Portuguesa,por Pedro Álvares Cabral. Para tão importante evento ,procurou e contratou um cavalheiro de boa estirpe,muito respeitado no Paço por sua prudência e elevados valores morais,embora um bastardo de casa nobre chamado Tomé de Souza.Mesmo com o aval da Côrte  ele veio munido de um Regimento que preestabelecia sua conduta.O Regimento mandava que se tratasse bem os gentios e que condenasse á morte os colonos que tentassem escravizá-los.Impunha ao Governador que distribuísse sesmarias,fortificasse os engenhos e promovesse feiras periódicas.
O fidalgo  nomeado para esta importante missão receberia um soldo anual de 400$000.



A esquadra do Capitão – Mór que saiu de Lisboa a 1º de Fevereiro constava de seis navios,pois ,trazia toda a máquina administrativa que a fundação da cidade carecia;o provedor - mór para tratar dos assuntos da fazenda;o ouvidor – mor para os tratos com a justiça;o capitã – mor da costa para os assuntos marítimos,um físico – mor para os assuntos da saúde e mais uma boa quantidade de oficiais subalternos para compor a burocracia.
Chegaram a 29 de Março de 1549.
Assim começou o governo,distribuindo empregos e trazendo uma burocracia burra para o país da qual não nos livramos até hoje,inclusive dos subs.
Falava-se em 400 soldados,600 degredados e 320 oficiais administrativos,além de operários,mecânicos etc.Vieram,também,seis jesuítas (quatro padres e dois irmãos)  para cuidar das necessidades espirituais de todo esse povo,provavelmente entregues á luxúria,- afinal estavam muitos dias no mar e aqui encontrariam lindas índias,jovens e perfumadas cujas “vergonhas” chamaram tanta  atenção que foram citadas até na carta do Pèro Vaz da Caminha.
Foram eles Manoel da Nóbrega,Leonardo Nunes,Antonio Pires e Aspilcueta Navarro,além dos dois irmãos Diogo Jácome eVicente Rodrigues.
A escolha do local da cidade foi arduamente discutida entre o Governador e seu arquiteto, Luis Dias; D. Tomé queria construir a Cidade em  Itapagipe,pois encantou-se com a paisagem;entretanto o arquiteto ponderou que a cidade ficaria totalmente desprotegida e poderia ser atacada pelo mar .Então optou-se pela Cidade Alta,onde teriam ampla visão do oceano de onde vinha o perigo.

Tudo determinado,mãos á obra,pois o trabalho seria intenso e exaustivo.Tomé de Souza,entretanto teve uma ajuda preciosa,o degredado Diogo Álvares Correia,o Caramurú ,casado com a filha do cacique Taparica,Catarina Paraguaçú,um braço poderoso na construção da cidade. Imediatamente foi construída uma cerca  que abrangia a Ajuda  até a vala que havia no Terreiro.Para ter acesso á Praia foram abertas duas ladeiras,Pau da Bandeira e Misericórdia.

Projetou-se uma cidade de cerca de seis léguas  para cada lado ,com 100 casas, sendo a sesmaria maior doada á Garcia D’Ávila,um servidor da casa de Tomé de Souza,em Portugal ,que criou a  primeira grande casa da Bahia colonial.
Em 1553 o governador Tomé de Souza voltou para Portugal com a missão cumprida e o eterno reconhecimento do seu rei.






                         CARAMURÚ

Por volta de 1510,um navio naufraga  na Bahia de Todos os Santos;de todos os santos,mas,nem por isso,menos perigosa;mar agitado,arrecifes traiçoeiros,ventos desembestados,tudo isso contribuía para uma navegação quase suicida.
Apesar de tudo lhes ser contrário, um grupo de homens  nadava desesperadamente para terra.O mar varria os rochedos e ameaçava jogar os marinheiros contra as pedras,espedaçando-os.
O marujo, que vinha mais atrás, tentou se abrigar num arrecife para recompor as forças;era um homem forte e musculoso e estava determinado a não morrer.Ajeitou-se com cuidado,segurou a arma que trazia e pô-la para secar;pólvora molhada,não atira e,de que serve uma arma que não defende?
Olhando a praia, deparou-se com uma cena aterradora; selvagens nus,caíram sobre os pobres náufragos indefesos e os matavam a flechadas ou com golpes  na cabeça.Ninguém escapou.Logo chegaram as mulheres,que arrastaram os corpos para um amontoado de casas de palha,a aldeia,certamente.Aquele lugar não era estranho para Diogo Álvares Correia,jovem português de 17 anos,aventureiro á busca de fortuna.Esteve por aí,muitas vezes,á bordo de navios franceses,contrabandeando pau-brasil.
De repente, o medo;uma ubá cabocla,uma canoa célere,trazendo alguns índios armados,vinha em sua direção.O jovem fidalgo,nascido em Viana do Castelo,cerrou os punhos ,fez uma prece e apanhou a espingarda.Mirou a canoa.Seu braço não tremeu.
O primeiro tiro caiu bem perto da embarcação, fazendo a água  subir.Assustados,os índios desviaram-se um pouco;não compreendiam nada;não chovia,nem ventava,céu claro,de onde viria o barulho do trovão?A canoa se aproximava, levada pela rebentação.Outro tiro,desta vez para cima,matando um pássaro que voava tranqüilo.
Então,os índios gritaram
:-Caramurú, Caramurú,homem do fogo e filho do trovão.A palavra significa moréia,peixe que se esconde nas pedras.
Saudado como um deus foi levado para terra e apresentado ao velho cacique Taparica,senhor dos Tupinambás.
Tinha vencido!


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