O BLOG DE MARÇO/2015
HOJE É DIA DE FESTA
Salvador faz hoje 466 anos.
Nossa bela capital ,apesar da idade, está cada
dia mais nova e saudável.
Apesar do seu lado
austero,cheia de monumentos centenários e 365 igrejas,como diziam os
antigos(nunca contei,mas,sei que são inúmeras,vetustas e,quase todas muito
ricas),uma nova cidade começa a surgir,com bairros urbanizados e
elegantes,largas avenidas,hotéis luxuosos e condomínios maravilhosos cercando
suas praias.
A cidade enfrenta
ainda muitos problemas,comuns aos
grandes centros urbanos do país:segurança,saúde,educação,transporte;
mas,aos poucos e com paciência(uma virtude dos baianos) tudo vai sendo
resolvido a contento e podemos receber bem,com o jeitinho baiano tão cantado em
prosa e verso,os turistas que nos visitam.
Não sei se o brasileiro é “o homem cordial”, de que nos fala Buarque de Holanda,no seu “Raízes do Brasil”; mas,sei que o baiano é cordial,amistoso,alegre,companheiro e sempre pronto a receber bem quem nos visita .
Nossas portas estão sempre
abertas e sempre cabe mais um nos nossos corações.
A cidade que hoje aniversaria foi saudada pelo sol e seus raios de luz e calor envolveram todos os seus filhos; o mar trouxe uma brisa fresca e as árvores pareciam sorrir.
Afinal, é festa na Bahia!
Hoje também, fazem 507 anos da chegada do primeiro europeu a viver na cidade ,Diogo Álvares Correia,o Caramurú,que casando-se com a filha do cacique Taparica,a bela Catarina Paraguaçú,deu origem á miscigenação entre as raças brasileiras,que fizeram deste país uma ilha de paz e concórdia,graças ao entendimento entre raças diferentes.
Para celebrar esta alegria, termino com os belos versos finais do poeta Martins D’Alvarez sobre a Bahia:
Bahia, filha de um sonho
Que teve Nosso Senhor,
Depois fazer o universo,
No dia que descansou;
E, que depois de criada
Agradou tanto ao Criador
Que este de uma só penada
-com letra bem caprichada-
escreveu sobre a fachada
“Terra de São Salvador!”
1549,A FUNDAÇÃO DA CIDADE
A Cidade de Salvador,capital
da Bahia foi fundada a 29 de março de
1549.D. João III,rei de Portugal armou uma expedição especial para estabelecer um governo no Brasil,terras recém
conquistadas para a Coroa Portuguesa,por Pedro Álvares Cabral. Para tão importante
evento ,procurou e contratou um cavalheiro de boa estirpe,muito respeitado no
Paço por sua prudência e elevados valores morais,embora um bastardo de casa
nobre chamado Tomé de Souza.Mesmo com o aval da Côrte ele veio munido de um Regimento que
preestabelecia sua conduta.O Regimento mandava que se tratasse bem os gentios e
que condenasse á morte os colonos que tentassem escravizá-los.Impunha ao
Governador que distribuísse sesmarias,fortificasse os engenhos e promovesse
feiras periódicas.
O fidalgo nomeado para esta importante missão receberia
um soldo anual de 400$000.
A esquadra do Capitão – Mór
que saiu de Lisboa a 1º de Fevereiro constava de seis navios,pois ,trazia toda
a máquina administrativa que a fundação da cidade carecia;o provedor - mór para
tratar dos assuntos da fazenda;o ouvidor – mor para os tratos com a justiça;o
capitã – mor da costa para os assuntos marítimos,um físico – mor para os
assuntos da saúde e mais uma boa quantidade de oficiais subalternos para compor
a burocracia.
Chegaram a 29 de Março de
1549.
Assim começou o governo,distribuindo
empregos e trazendo uma burocracia burra para o país da qual não nos livramos
até hoje,inclusive dos subs.
Falava-se em 400 soldados,600
degredados e 320 oficiais administrativos,além de operários,mecânicos etc.Vieram,também,seis
jesuítas (quatro padres e dois irmãos) para
cuidar das necessidades espirituais de todo esse povo,provavelmente entregues á
luxúria,- afinal estavam muitos dias no mar e aqui encontrariam lindas índias,jovens
e perfumadas cujas “vergonhas” chamaram tanta atenção que foram citadas até na carta do Pèro
Vaz da Caminha.
Foram eles Manoel da
Nóbrega,Leonardo Nunes,Antonio Pires e Aspilcueta Navarro,além dos dois irmãos
Diogo Jácome eVicente Rodrigues.
A escolha do local da cidade
foi arduamente discutida entre o Governador e seu arquiteto, Luis Dias; D. Tomé
queria construir a Cidade em Itapagipe,pois
encantou-se com a paisagem;entretanto o arquiteto ponderou que a cidade ficaria
totalmente desprotegida e poderia ser atacada pelo mar .Então optou-se pela
Cidade Alta,onde teriam ampla visão do oceano de onde vinha o perigo.
Tudo determinado,mãos á obra,pois
o trabalho seria intenso e exaustivo.Tomé de Souza,entretanto teve uma ajuda preciosa,o degredado Diogo Álvares Correia,o Caramurú ,casado com a filha do cacique Taparica,Catarina Paraguaçú,um braço poderoso na construção da cidade. Imediatamente foi construída uma
cerca que abrangia a Ajuda até a vala que havia no Terreiro.Para ter
acesso á Praia foram abertas duas ladeiras,Pau da Bandeira e Misericórdia.
Projetou-se uma cidade de
cerca de seis léguas para cada lado ,com
100 casas, sendo a sesmaria maior doada á Garcia D’Ávila,um servidor da casa de
Tomé de Souza,em Portugal ,que criou a primeira grande casa da Bahia colonial.
Em 1553 o governador Tomé de
Souza voltou para Portugal com a missão cumprida e o eterno reconhecimento do
seu rei.
CARAMURÚ
Por volta de 1510,um
navio naufraga na Bahia de Todos os
Santos;de todos os santos,mas,nem por isso,menos perigosa;mar agitado,arrecifes
traiçoeiros,ventos desembestados,tudo isso contribuía para uma navegação quase
suicida.
Apesar de tudo lhes ser
contrário, um grupo de homens nadava
desesperadamente para terra.O mar varria os rochedos e ameaçava jogar os
marinheiros contra as pedras,espedaçando-os.
O marujo, que vinha
mais atrás, tentou se abrigar num arrecife para recompor as forças;era um homem
forte e musculoso e estava determinado a não morrer.Ajeitou-se com
cuidado,segurou a arma que trazia e pô-la para secar;pólvora molhada,não atira
e,de que serve uma arma que não defende?
Olhando a praia, deparou-se
com uma cena aterradora; selvagens nus,caíram sobre os pobres náufragos
indefesos e os matavam a flechadas ou com golpes na cabeça.Ninguém escapou.Logo chegaram as
mulheres,que arrastaram os corpos para um amontoado de casas de palha,a
aldeia,certamente.Aquele lugar não era estranho para Diogo Álvares
Correia,jovem português de 17 anos,aventureiro á busca de fortuna.Esteve por
aí,muitas vezes,á bordo de navios franceses,contrabandeando pau-brasil.
De repente, o medo;uma ubá cabocla,uma canoa
célere,trazendo alguns índios armados,vinha em sua direção.O jovem fidalgo,nascido em Viana do
Castelo,cerrou os punhos ,fez uma prece e apanhou a espingarda.Mirou a
canoa.Seu braço não tremeu.
O primeiro tiro caiu bem perto da embarcação,
fazendo a água subir.Assustados,os
índios desviaram-se um pouco;não compreendiam nada;não chovia,nem ventava,céu
claro,de onde viria o barulho do trovão?A canoa se aproximava, levada pela
rebentação.Outro tiro,desta vez para cima,matando um pássaro que voava
tranqüilo.
Então,os índios gritaram
:-Caramurú, Caramurú,homem do fogo e filho do
trovão.A palavra significa moréia,peixe que se esconde nas pedras.
Saudado como um deus foi levado para terra e
apresentado ao velho cacique Taparica,senhor dos Tupinambás.
Tinha vencido!
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