domingo, 19 de abril de 2015

TÁ COM PRESSA,IOIÓ?



O BLOG DE ABRIL/15
PARA VOCÊ VER A BAHIA COM OUTROS OLHOS...



TÁ COM PRESSA,IOIÓ?
Se você,amigo,vem conhecer Salvador e seu tempo é curto ,aqui está um bom roteiro para seguir .
Se hospedado na Cidade Alta primeiro  vá até a Praça Municipal.E cumpra um ritual.Mão postada orgulhosamente no peito,de costas para o mar diga num tom  solene:Aqui nasceu o Brasil!

Olhe para a direita;lá está o Palácio Rio Branco,um belo edifício do sec.XVII,reformado após a República ,quando ganhou a cúpula de águias,após o bombardeio da cidade em 1912.Bombardeio!? Foram terroristas? Não,só um governador cretino chamado J. J.Seabra.Coisas da política.
Esqueça essas besteiras e pense em Tomé de Souza que aqui mourejou junto com o Luis Dias para criar a mais importante cidade brasileira.Este foi o palácio dos vice – reis do Brasil até 1793,quando a capital foi transferida para o Rio de Janeiro.
Ainda de costas para o mar? Á sua frente está um belo edifício seiscentista,a Câmara Municipal que ,também,sofreu umas reformas.Mas,ainda mantém a majestade dos velhos tempos coloniais ,pois,as fachadas laterais e de fundo, o pátio interno,e o salão da Câmara de Vereadores foi mexido.
Junto a você,se ainda está na mesma posição  fica o Elevador Lacerda,antigamente chamado o “dente de ouro” da Bahia.Mas,sua importância continua pois ainda é a mais importante ligação entre a Cidade Baixa e a Cidade Alta.

Em frente ao Elevador ficava o antigo prédio da Biblioteca Pública  derrubado para dar lugar a um mostrengo  modernoso ,a Prefeitura de Salvador.Feio de dar dó e uma excrescência no meio de tantos edifícios coloniais.
Se ,como eu,gosta de coisas antigas,dobre á esquerda e encontrará o prédio da Santa Casa de Misericórdia,cuja visita vale a pena.Repare que onde fica a Cruz Caída ,uma bela escultura de Mário Cravo tem    quatro  sítios  arqueológicos  com resgate de ossos e objetos das fundações da Velha Sé ,  destruída em 1933 para dar lugar aos trilhos de bondes da Companhia Circular um crime perpetrado  contra Salvador ,que teve a  benção do Cardeal da Silva e o repúdio dos principais intelectuais baianos da época,entre eles Artur de Sales e de um estudante de medicina chamado Antonio Carlos Magalhães ,um revolucionário desde aquela época.

A bela  Praça da Sé obra de um querido amigo,o arquiteto Assis Reis,está degradada ,perdendo,inclusive a sua bela fonte luminosa  que era a “menina dos olhos “ do nosso grande arquiteto.



Continue a visita e chegará ao Terreiro de Jesus onde fica a Catedral ,a antiga Faculdade de Medicina (não deixe de entrar e apreciar os jardins e as esculturas em mármore da varanda),a Cantina da Lua,boêmia e irresistível ,onde o velho Clarindo serve a boa comida baiana com uma boa cachacinha , muita simpatia e bom papo ,Clarindo Silva,um dos ícones da Bahia de outrora.



Em frente a Catedral está a Igreja da Ordem Terceira  de São Domingos,á esquerda a Igreja de São Pedro dos Clérigos e a seguir o Cruzeiro de São Francisco,com a bela e famosa igreja toda de ouro,o convento e a Ordem Terceira.

Bem ,depois destas andadas ,amigo,você já deve estar com fome.Eu,também.Desça uma das ruas que vai dar no Pelourinho e almoce no Restaurante do Senai,de longe,a melhor,mais farta e completa comida baiana.
Voltaremos mês que vem.
Axé!

Miriam de Sales e Clarindo Silva por ocasião do lançamento do livro "A Bahia de Outrora".



                                  O BOM BAIANO
Um texto inédito da nova edição da "BAHIA DE OUTRORA",de Miriam de Sales


O baiano daqueles  tempos ,acostumado a grandes espaços nas casas senhoriais,queixa-se muito dos minúsculos apartamentos de hoje,onde o corpo da casa é  mais apertado em benefício das áreas de lazer coletivas que com suas imensas piscinas ,churrasqueiras e  salões de festas,pretendem substituir as salas de visitas das casas onde se recebia  de maneira fidalga os amigos mais chegados e as visitas de cerimônia.
_”Tudo isso é muito bom,muito farto,mas,a saudade não me deixa”,queixa-se a velha senhora,agora obrigada a viver com os filhos numa destas mansões de nomes estrambóticos,uma espécie de compensação psicológica para combater a falta das casas senhoriais,mansões ou não.
Quem vivia em casa espaçosas não se conforma com a ausência de privacidade,sente falta da sala de visitas,enorme,adornada com bibelôs de biscuit,da sala de jantar ,onde as famílias se reuniam para as refeições sempre presididas pelo dono da casa,responsável por dar graças a Deus pelo pão nosso de cada dia,farto e fresco.
Sempre havia um longo corredor,adornado com consoles e tapetes que levava aos quartos ,á copa e cozinha,imensa , de onde saíam as gostosuras domésticas e a parte menos nobre,o banheiro comum a toda família ,já que poucos tinham suítes,um estrangeirismo mal acatado por aqui.
As cozinhas americanas dos “apertamentos “de hoje,seus quartos onde mal cabe uma cama ou beliche confrangem nossos corações acostumados ao fogão de lenha e ao guarda – comida,um grande armário onde se acomodavam os alimentos e minha vó alinhava,como soldados,as latas de leite Moça,ícone da minha infância ,tão desejado nas merendas da tarde.
Para nós,o povo de antigamente,o que mais incomoda é a falta de privacidade ;mal toca a campainha  já está a visita na sala de estar/jantar/cozinha,tomando parte da vida da casa,devassando a intimidade da família,fuçando tudo e  tudo percebendo.
Os donos da casa,por sua vez,recebem as pessoas de qualquer jeito,com trajes caseiros,ás vezes a dona da casa de camisola ou mesmo enrolada na toalha,cabelos pingando no tapete.Sentam-se de qualquer jeito,no chão,numa banqueta ou meio enroladas na poltrona,porque os tempos, mudaram é assim mesmo e fim de papo.
Foi-se a época do feio,do ridículo,das visitas cerimoniosas,dos trajes de casa,simples,mas,decentes,das roupas “de sair” e dos trajes de festas.
Havia um limite a ser estabelecido ,uma espécie de lei não escrita,mas,obedecida,onde a privacidade era sagrada e,mesmo as pessoas mais íntimas,não se atreviam a  sentar  sem que a dona da casa dissesse- sente-se,por favor, abrir  armários ou gavetas, entrar nos quartos sem serem convidadas,procurando o que não guardou.
Os amigos e parentes mais chegados eram tratados com muita afabilidade e carinho.
Os outros, amigos mais distantes ,avisavam o dia que fariam a visita,um dever social e se informavam da disponibilidade e desejo da família em recebê-los.
Quando chegavam ,eram recebidas com requintes de elegância,geralmente por uma criada que as introduzia na sala de visitas e ia avisar os donos da casa. Voltava,pressurosa,para dizer que os donos estavam vindo e servindo alguma coisa,como um licor ou sequilhos,ou mesmo um copo d’água.
Gente educada não deixava as visitas plantadas no meio da sala,parecendo um dois de paus,sem ter quem lhes “fizesse sala”.Coisa que parecia fácil ,mas,não era;exigia treino e bom senso para não cair numa saia justa,falando o que não devia. Era uma arte que devia ser cultivada e exigia desembaraço,conhecimento  e muita atenção. Perguntava-se sobre a família,a saúde,falava-se do tempo,do teatro,das missas e dos eventos sociais. Fofocas,maledicências e assuntos íntimos eram excluídos da conversação.Se a visita  não era pedante,a conversação ficava mais fácil,porém,triste era lidar com os de nariz empinado.A candidata a Cristo ficava contando os segundos para que os anfitriões entrassem na sala.
Ufa!Chegaram os donos da casa.A conversa se animava,o cálice de vinho do Porto era servido acompanhado dos doces e queijos.
Visitas breves eram bem vindas,ninguém precisava “morar “ na casa dos amigos.Havia os que vinham apenas fazer uma visita de cortesia,pagar uma visita  recebida, visitar um recém – nascido,trazendo a devida prenda ,dar os parabéns ou pêsames ou apenas trazer um convite de casamento ou formatura.
Era mesmo muito formalismo,concordo com você;mas,também,era tudo muito mais elegante,não era?

A "BAHIA DE OUTRORA",um dos melhores livros sobre a Salvador daqueles tempos.




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O saudoso Cedraz  no lançamento da 3ª edição do BAHIA DE OUTRORA"

QUE ,TAMBÉM,FOI OFERECIDO A JOÃO uBALDO rIBEIRO,NO SEU ANIVERSÁRIO.


para uma leitora de Cabo Verde durante a 1ª FLICA





LIVROS DE MIRIAM SALES EM TURIM,ITÁLIA




CULINÁRIA BAIANA
GALINHA DE MOLHO PARDO



A ntes de cortar o pesçoco da ave ,coloque um pouco de vinagre na vasilha onde vai recolher o sangue.
Depois de depenada em água fervente é passada em labaredas para tirar toda a penugem e,em seguida lavada com limão e água e cortada em pedaços.Tempere com sal,vinagre,alho,manteiga,pimenta e cominho,hortelã,cebolatomate,toucinho e chouriço e leva-se ao fogo para cozer.
Isto feito,deite o vinagre no sangue recolhido,que vai constituir o molho pardo;á proporção que este é despejado,revolva a panela com uma colher de madeira para não talhar o sangue.
*Manoel Querino:"A Arte Culinária da Bahia"











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