SALVADOR PEDE SOCORRO!

Um dos mais importantes estados do Brasil está na UTI.

O Interior,de onde vem a grande massa que elege políticos incompetentes e oportunistas,ainda está em melhor situação que Salvador.

Apesar da seca,que desde tempos de antanho ,alimentou a corrupção e enricou políticos ladrões, ainda se faz alguma coisa por lá, pois,as eleições municipais estão á porta.

Salvador,nossa bela cidade,a mais antiga do Brasil,porém,está  não só abandonada como seviciada.

Faz dó passear por suas ruas imundas,seu centro histórico abandonado,suas escolas fechadas,sua Universidade,tão conceituada, desaparelhada e ultrapassada.

Lembro-me,com saudade,dos anos sessenta,quando éramos um polo cultural de primeira ,seja na música,na literatura e nas artes cênicas.E me pergunto o porque dessa degradação.

Salvador está crescendo muito; basta dar um passeio pelo Litoral Norte e ver a quantidade de construções de alto nível,condomínios paradisíacos,shoppings elegantes no meio de jardins bem cuidados e espelhos d’água que refletem o poder.

Mas, e o resto da cidade?Onde estão as boas escolas, as ruas aprazíveis e sem violência, a excelência dos transportes públicos e o metrô?

Falando sério,cadê o metrô,Prefeito?Aquele mesmo, que liga nada a coisa alguma,cujo dinheirão gasto daria para melhorar as escolas,pagar dignamente os professores,equipar os hospitais?

Num trânsito complexo, onde a qualquer hora do dia e da noite, produzimos engarrafamentos ,vende-se cada vez mais carros,favorecendo as montadoras ,mas – eu me pergunto – para circularem, onde, cadê as novas pistas,os viadutos,os elevados que deveriam ser construídos antes da expansão autmobilìstica.

Qualquer  dia ,as filas de veículos estarão em Aracaju.

Todo povo civilizado e desenvolvido preza a educação acima de tudo,até mesmo da saúde,pois,povo educado é saudável,sabe fazer suas escolhas com consciência.

Os professores,com suas legítimas reivindicações escamoteadas, estão em greve há meses,estudantes condenados a perder o ano letivo,enquanto se constroem estádios e se sucateiam escolas,onde faltam cadeiras e até giz.

Não estaria na hora dos pais, as entidades de classe como a OAB e as Academias  de Letras começarem a cobrar do governo ,mais enfaticamente, o fim desta lamentável situação?

Nossos dirigentes,  sem  os professores que tiveram, não seriam nada.E eu até gostaria que a qualidade dos seus professores fossem melhor e que tivessem incutido neles o amor pela cultura e pelo saber.

Nosso povo, ou  pelo menos a parte pensante da população ,deveria exigir,já que todo poder emana do povo,que nossos governadores e prefeitos fossem apolíticos, escolhidos entre administradores de empresas competentes,gente preparada para conduzir com eficiência , empreendimentos dirigidos ao bem comum,pois,sendo a pátria uma família amplificada ,como queria Ruy,é obrigação dos nossos governantes cuidar do seu povo.

E,a educação, deveria ser prioridade máxima.

Nosso interesse é fortalecer o Estado Nacional,formar cidadãos aptos  e preparados para enfrentar desafios ,pois, a política transcende as eleições e  não deve ser tratada como um balcão de negócios ,como é hoje.

Cabe a nós fazermos as mudanças.Pois só ao povo elas interessam.

OS VERSOS CÁUSTICOS DE GREGÓRIO DE MATOS

Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade,
madrasta dos naturais,
e dos estrangeiros madre.

De que pode servir, calar, quem cala,
Nunca se há de falar, o que se sente?
Sempre se há de sentir, o que se fala?
Qual homem pode haver tão paciente,
Que vendo o triste estado da Bahia,
Não chore, não suspire, e não lamente?
Se souberas falar, também falaras,
Também satirizaras, se souberas,
E se foras Poeta, poetizaras.
A ignorância dos homens destas eras
Sisudos faz ser uns, outros prudentes,
Que a mudez canoniza bestas feras.
Há bons, por não poder ser insolente,
Outros há comedidos de medrosos,
Não mordem outros não, por não ter dentes.
Quantos há que os telhados têm vidrosos,
E deixam de atirar sua pedrada
De sua mesma telha receosos.
Uma só natureza nos foi dada:
Não criou Deus os naturais diversos,
Um só Adão formou, e esse de nada.
Todos somos ruins, todos perversos,
Só nos distingue o vício, e a virtude,
De que uns são comensais outros adversos.
Quem maior a tiver, do que eu ter pude,
Esse só me censure, esse me note,
calem-se os mais, chitom, e haja saúde. 

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