sexta-feira, 28 de outubro de 2011

E AS BIENAIS, VALEM A PENA?!


Eu confesso: torço o nariz para elas.
Para mim,lembram um pouco o zoológico;livros e mais livros empilhados em estantes de livrarias famosas – parecem comprados a metro -muita gente circulando em torno deles,crianças gastando seus vales- livros em dentaduras e revistinhas como “Glees”,mães apressadas correndo atrás de livros de auto – ajuda,muita circulação e pouca venda.
Sou meio refratária a multidões, esse monstro sem cabeça,verdadeiramente assustador.
Ah, mas,é bom para crianças.Será? Eu as observo a correr de um lado para outro,seguidas por professoras com ar entediado,procurando livrinhos de $1,oriundas de uma literatura plagiada dos americanos.
Difícil encontrar bons livros e quando aparecem, muito caros.
Pesquisei nas inúmeras Bienais que visitei e constatei que o livro mais barato é uma balela; os preços são os mesmos das livrarias ou mais caros,até. Aqui,na Bahia,as grandes editoras fazem “forfait” e,quando vêm  engolem as nanicas que ficam sem chance para mostrar seu trabalho.Os estandes são caríssimos e ,a grande maioria,mesmo as gigantes,se limitam a expor livros,pois,se vendê-los pagam muito mais.Não parece as mulheres na vitrine ,em Amsterdam?
O autor independente também não tem vez nem voz; soube,por meios oficiosos ,que eles não teriam espaço nesta nossa bienal baiana,uma das exigências da empresa dona da festa,aliás,a meu ver ,a única entidade a ganhar com a Bienal.
Autores baianos só os que eles querem e os escolhidos pela todo poderosa Fundação Pedro Calmon- uma pena!- logo agora que a nossa literatura cresce e floresce á revelia das entidades governamentais.
Os ingressos são caros, e, a meu ver,nem deveriam ser cobrados já que eles recebem polpudos subsídios dos  governos federal e estadual.
As Editoras também não têm interesse em comparecer.Desde quando Editora quer conversar com autor.Ou com o público?
Tirando as evangélicas, as oficiais,as de livro de auto ajuda e as militares,restam as inexpressivas e as pequenas que juntaram um dinheirinho para comprar estandes minúsculos gastando um dinheiro maiúsculo.
Autores importantes não gostam de comparecer ,ou por não serem remunerados á altura ou porque já estão mesmo de saco cheio.
Todos que conversei  –e,foram muitos nomes de sucesso – confessaram preferir as festas literárias.Como aliás,eu também.
O leitor pode conferir se estou falando a verdade. Basta comparar os autores que irão para a FLIPORTO,festa literária de Olinda,dia 11/11(confira a programação no site) ou os que compareceram á FLICA,recentemente e os que vieram para a Bienal da Bahia,cada dia mais pobre de grandes nomes e mais ocupadas por autores locais em busca de um bom palanque.
De dois em dois anos surgem como um cometa e depois caem de novo no anonimato,sobraçando seus livros que ninguém lê.

Tanto espaço e tanto dinheiro gasto para nada; com o dinheiro de uma Bienal se faz ,com largueza,três festas literárias.Nestas,o autor interage com seu público, autografa livros é ouvido,cheirado e comentado.
A Bienal de Alagoas, entre outras,é feita pela Universidade do Estado e corre bem;me pergunto porque a nossa não pode ser entregue á UFBA  com a  desejável participação da Academia de Letras da Bahia,com custos bem menores e qualidade maior.
Fica a sugestão, senhor Secretário da Cultura.Porque,não?
O público que se dirige para os Cafés Literários, esperando ouvir sobre a boa literatura ,acaba frustrado,pois,o que aparece mais é o ego do autor,geralmente enorme.Poucas  pessoas fazem perguntas,a maioria mexe seu café com um ar meio blasé e depois sai em busca de velórios mais animados.
Lembro-me de uma Bienal onde estava no tal Café esperando beber sabedoria; estava tudo tão chato que uma funcionária que me conhecia disse:
-Miriam,faça uma pergunta para animar a coisa.
Lembro-me que o debate era sobre Lobato ou a Literatura infantil como um todo  e ,eu ,solicitada,soltei o verbo.Deu certo,os mortos reviveram e fiquei pensando se,em vez de ser escritora,troço chato e mal remunerado eu não deveria ser apresentadora de TV,coisa mais rentável e de fama fácil.
Por essas e outras prefiro ficar em casa arrumando minha mala para a FLIPORTO,dia 11/11.
As mesas estão demais!


OPINIÕES:
Paulo Martins,p/ mail
Palavra de quem sabe o que está dizendo!! 
É o lucro acima da cultura, minha baianinha predileta. Parabéns pelo manifesto. Beijo do Paulo
*

ENTAO TE VEREI NA fLIPORTO NE ???
Delasnieve Daspet,p/ mail

*


Olá Miriam!
Gostei muito do seu blog. Bastante informativo e com ilustraçoes extraordinárias.
Quem não teve a oportiunidade de participar da Flica tem como bem conhecer
toda a sua movimentação através dessa preciosidade que você oferece ao público.
Parabéns e muito sucesso nessa brilhante caminhada.
Um grande abraço,
Everaldo Oliveira,p/ mail


                 RECADINHO


Para não dizer que sou a única voz dissonante,leia aqui o depoimento do grande poeta Josué Ramiro,um dos maiores da Bahia.
Um não sabia o que o outro escreveu,pois,só hoje,pela manhã.recebi o link.


Tem inicio hoje a Bienal do Livro da Bahia. Um evento de enormes proporções, mas realizado a círculos fechados. Uma pena, Que não se conclama os autores e os poetas não midiáticos mas que dinamizam essa airosa Bahia tão culturalmente dinamica. Estaremos lá assim mesmo para tentar negociar participação de poetas fora do círculo desses ignorantes da arte do belo. A bienal terminará no próximo dia 6 Entre lançamentos de livros e muita diversidade, a poesia tambem irá estar presente. Mesmo a duras penas. 
Entre poetas populares.Josué é o de camisa quadriculada.A boina é sua marca registrada.Dá-lhe,poeta e grande amigo.
Texto extraído deste link:http://www.becodospoetas.com.br/events/event/show?id=2169003%3AEvent%3A338491&xgs=1&xg_source=msg_share_event



Noemia Meireles Nocera para mim
mostrar detalhes 08:50 (5 horas atrás)
Miriam, parece que, em nosso país, os escritores são avaliados por quem não sabe escrever ou não vai além da superfície da escrita literária. C'est la vie, minha amiga.

Beijos,    
Morgana Gazel [escritora]





22 comentários:

  1. Gosto de ler os teus textos pela seriedade que são tratados os assuntos e pela tua autenticidade. Concordo, plenamente, com o que tu falastes das Bienais. Abração.

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  2. Miriam, o comentário abaixo é resultado de minha impressão da Bienal de São Pauo, no ano passado. Foi a minha primeira participação como autor. Hoje já penso mais como você. É mais um grande negócio do que qualquer outra coisa ligada à paixão literária. Na última frase, onde falo de caminhos paralelos que vão surgindo, pode considerar o das feiras, que acredito nos proporcionarem mais possibilidades de visibilidade.

    Grande abraço. Paz e bem.


    Como numa feira qualquer, vale a qualidade do marketing mais do que qualquer outro quesito para se vender algum produto. O quesito da qualidade é restrito aos iniciados, entendidos e amantes da literatura. O grande público vai à bienal como vai a uma feira qualquer: para se misturar à multidão, coisa própria do espírito gregário humano, para comer, para sair da rotina, para encontrar pessoas e para comprar livros também, apesar desse último ato ser limitado pelos preços proibitivos que as editoras praticam ainda no Brasil. A seleção já começa por um estacionamento a 25,00; ingressos a 10,00 e um cafezinho a 3,00. Imaginem o preço dos livros... De qualquer forma, é um evento que coloca quase todas as editoras brasileiras em contato com o público leitor, observador e negociador. São coisas do capitalismo.

    Para quem está começando e quer trilhar o caminho da literatura, há que se contentar em ver a bienal como uma espécie de pedágio no trajeto, um ponto de parada importante para continuar a andança pela estrada pedregosa e difícil de ser vencida. Nunca um ponto de chegada. No entanto, é um entreposto importante para deixar a marca do que foi feito até ali e uma impressão do que mais pode ser feito. Assim, ela ( a feira) abre mais portas que serão encontradas à frente com mais facilidades; comparativamente eu diria, barateando os próximos pedágios. Caminhos paralelos também são mostrados e as possibilidades de melhorar as escolhas vão crescendo, desde que o novo autor não se deixe abater pelo desânimo, pela falta de determinação em seguir em frente.

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  3. Miriam,eu adoro suas opinioes e já psssei pra frente,poi vale a pena ler!Bienal é mesmo uma coisa chata!Os livros deveriam ser mais em conta e as pequenas editoras deveriam ter mais espaço!Eu fui o ano passado,mas só tive publico porque fiz o teatrinho,caso contrario acho que seria uma monotonia,um tempo perdido!Sem falar no quanto se anda!Haja salto!...rss....sensacional sua cronica!bjs,

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  4. A verdade, Miriam, é que o escritor brasileiro é muito carente de incentivo e espaço (especialmente os que publicam de forma independente). Não há como não concordar com o seu texto. Encontraremo-nos na Fliporto? Avisa-me quando estiver por chegar... Cheiro grande!

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  5. Minha amiga,não tenho tido contatos com as Bienais,apenas de uma e tinha muita gente mesmo se batendo,como numa feira livre.Mas sei o quanto voce é consciente do que fala e lendo o Cacá que complementa bem toda sua reflexão.Então não vale,mas vale a idéia de Cacá de nunca desanimar.
    Um abraço sempre carinhoso de minha admiração.
    Bju de luz nos seus dias.
    Belissimo fim de semana, se possivel olhando o Pôr do Sol do Humaitá,rsrs.

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  6. Amigo,minha primeira Bienal foi a de SSA,em 2009,qdo começava na minha carreira literária.Lancei o MAKTUB,primeiro livro digital feito na Bahia e foi um sucesso,principalmente porque ofereci um rico coquitel,ofertado pela Perini.Nessa época ,a CBaL tinha um grande espaço onde novos autores poderiam expôr e vender seus livros.Daí pra cá ,zero,e as demais bienais q/ compareci como olheira,foram decepcionantes.
    bjs

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  7. Meu caro amigo e companheiro de lutas,vc falou e escreveu certo.Eu prefiro as feiras,como agora estou indo á FLIPORTO.E,para o autor,melhor ainda a Feira de Livros de POA,que ora se realiza.Ai,o autor e o leitor intercambiam seus conhecimentos e sonhos.Ano q/ vem montarei minha barraquinha e estarei lá.
    Na FLIPORTO terei um feliz encontro com Delasnieve Daspet (Poetas del Mundo) e vou sugerir uma festa nossa,dos membros dos "Poetas",nas feiras e bienais.Que tal?
    bjs

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  8. Pois,querida Aninha,por isso ,me bato.A Literatura tem q/ ser democrática,um espaço para todos.
    Por isso,autores importantes n/querem participar de bienais.O Fernando Morais foi convidado,mas,pelo visto,preferiu a FLIPORTO.Nos encontraremos lá;ele é um ser humano autêntico.
    bjs

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  9. Sid,chegarei dia 12 e ficarei até dia 16.Estarei na Pousada Marin de Caetés,no Carmo.
    Quero muito te ver e por os papos em dia. bjks

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  10. Um dia ainda te convido p/ ver esse por do sol comigo.Se puder reunir o Cacá eo Tunin será a glória.Já tenho o nome do encontro,o 'Senadinho".N/ te parece uma boa ideia?Um Senadinho do bem?rsss
    bjks

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  11. Ola Mirian, eu posso postar esse seu texto no meu blog? Eu penso igual a vc quanto as Bienais, aliás, desisti de participar da que está acontecendo aqui em Salvador. É só festinha de cartas marcadas.

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  12. Claro q/ pode,querido.Desculpe a demora na resposta.Mande o link p/ eu visitá-lo.
    Irei á Bienal visitar amigos.Estarei hoje ás 18h no Café Literário p/ ver Anna Paula Maia e amanhã no stand da Vento Leste.Se puder,pareça nas duas.
    bjks

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  13. Olá de novo, postei vc aqui: http://poemasdemilcompassos.blogspot.com/
    Espero que goste. Mas tenho outros blogs tb. Me visita vai:
    http://literaturaclandestina.blogspot.com/
    http://comendolivros.blogspot.com/
    http://click-click-pose.blogspot.com/

    A senhora foi a única até hoje que escreveu alguma coisa muito pertinente com relação às bienais. Me convidaram para um debate essa semana, mas já mudaram o horário umas três vezes. Agora, não tô mais afim. A Bahia é uma provincia viu! Obrigado pelo texto. Beijao. Virei seu fã.

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  14. Kakaká,estão sempre correndo da raia. Ontem,a Bienal estava um fracasso.Deu pena.Tomara q; hoje,melhore.
    Abç

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  15. Pois é, Miriam. A Praça de Cordel e Poesia parecia um deserto de moscas de bocas abertas sem ímpeto e com tanto desencantado que nada lembra a linguagem poética dos livros. Os próprios “poetas” pareciam mais uns estudantes de 1º grau fazendo trabalho na classe. Mal sabiam os seus próprios poemas. Mal sabiam de quem eram os poemas lidos. Trocaram os nomes de Castro Alves por Monteiro Lobato, e olha que o Lobato nem era poeta. Trocaram também os nomes de Chico Buarque por Ildásio Tavares, e olha que o texto de Chico era famoso viu! É essa a “cultura” do fabricar verniz que não desce nem com quiabo. Que saudade dos saraus do Theatro XVIII!

    P.S. Falei de vc no meu texto. Depois confira: http://literaturaclandestina.blogspot.com/

    Beijao
    Agora, sou seu fã
    Elenilson

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  16. O nosso amigo jornalista e comentarista da Rádio Metrópole , Tão Gomes Pinto, tb publicou seu texto. Vá lá mandar um beijo pra ele: http://www.taogomes.com/2011/11/e-as-bienais-valem-pena.html

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  17. Também não gosto de multidões na hora de comprar livros, amiga!
    Aqui está havendo a feira do livro, mas é muito cansativo. É um empurra-empurra!!!
    Prefiro pagar mais no sossego das livrarias.
    Beijos!

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  18. Amigo,tudo o q/ vc diz faz muito sentido.
    Queremos criar aqui uma Festa Literária anual,como a Flica e Fliporto.
    Já sinalizei p/ o secretário de Cultura sobre isso.Conto c/ sua ajuda. bjks

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  19. Quanta honra ser publicada pelo Tão.Vou correndo lá.
    Obrigada

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  20. Soninha,a Feira de Porto Alegre pode ter seus senões ,mas,pelo menos tem vida. bjs

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  21. Miriam, vc estaria afim de entrevistar umas figuraças pra o blog Poema de Mil...? Manda sinal de fumaça urgente!

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  22. Porque não? Quais as figuraças escolhidas?N/ sou boa entrevistadora como vc,mas,se quiser se arriscar...
    Assim q/ eu voltar de Pernambuco,dia 16,nos falaremos.
    Meu e-mail:miriamdesales@gmail.com
    Mande o seu para os sinais de fumaça aparecerem mais nítidos.Quero lhe falar sobre uns projetos.
    Abç

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