sexta-feira, 27 de maio de 2011

TIPOS POPULARES DA BAHIA: CUICA DE SANTO AMARO




Entre as décadas de 40 e 60 um cronista do cotidiano se destacava em Salvador. Mestre de trovador e repórter, Cuíca de Santo Amaro se celebrizou como um dos personagens mais importantes da história recente da cultura baiana.
 Seus versos virulentos assustavam poderosos e gente comum, e não havia segredo guardado a sete chaves que escapasse do seu faro para escândalo, que tornava público na cidade através de cordéis.
Com base em um escândalo que explodiu em Salvador em 1956 Cuíca anunciou em cordel: “A Bahia que era,
/orgulho dos brasileiros
,/antigamente gabava,
/por todos os estrangeiros
,/transformou-se por encanto
,/em antro de marreteiros.
/Marreteiros granfinotes,
/os quais vivem engravatados,
/na arte da roubalheira
,/já são eles inveterados
,/mas não pela polícia,
/dificilmente fechados.
/Porque muitas vezes,
/são homens de posição,
/que dão bronca no comércio,
/depois ganham na questão,
/ainda chamam a polícia,
/para a sua proteção”.
 Cuíca nasceu em Salvador em 19 de março de 1907. Ele ia muito a cidade de Santo Amaro da Purificação  namorar e tocar violão. Foi lá, inclusive, que conheceu a mulher, Maria do Carmo Sampaio. A intimidade com os versos começou com a profissão de propagandista. Ele anunciava em versos as mais diferentes atividades comerciais da cidade. Vestido de cartola e fraque, gritava a quem passava pela Baixa dos Sapateiros uma grande liquidação ou um novo filme na cidade. Dessa forma, ele aprendeu com maestria a chamar a atenção do público.
 O trovador morreu no dia 23 de janeiro de 1964, aos 56 anos. Por mais de 20 anos foi o cronista de Salvador, autor de mais de 400 folhetos de cordel, até hoje ele é um tipo maldito, mas atual. Sua função social foi importante, mas ele teve suas próprias regras éticas.
Texto do escritor e jornalista Gutemberg  Cruz

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