quinta-feira, 11 de agosto de 2011

"CAUSOS" DA BAHIA



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*Criação de Miriam Sales
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UM FATO E TRÊS VERSÕES
Seu Plutarco era um homem de opinião.Cáustico,mal encarado,pouco falava e quase nada ouvia pois,graças ao seu proverbial  mau – humor tinha poucos interlocutores.
Sendo  pouco comunicativo as pessoas se perguntavam porque um sujeito assim tinha uma mercearia.Parecia a pessoa menos indicada para lidar com o público;pelo menos,o público daquela rua conhecida como a rua dos fuxicos e mexericos.
Mas,seu Plutarco estava ali há 14 anos;de avental ,sempre atrás do balcão,lápis atrás da orelha,tudo vigiando e tudo vendo.
Se o freguês precisava se informar sobre a mercadoria ele respondia com quatro pedras na mão ou,simplesmente mandava à merda.
Um garoto com cara de fuinha,magro como um arenque,estava sempre por perto para despachar o sal ou o café e fazer pequenos mandados.
Exatamente às onze  horas,com a precisão de um cronômetro,seu Plutarco acena para o garoto e diz:
-Tonico vai na venda de Olegário e trás uma garrafinha de cana.Bote dentro deste saco prá não dar na vista.E não demore.
Seu Plutarco jamais vendia  cachaça na sua mercearia; dizia que era bebida do demo,que destruía famílias e ele não se prestava a esse papel de intermediário do diabo.
Se o freguês insistisse sobravam os palavrões.
Assim que o garoto chega seu Plutarco, escondido no banheiro,começa a mamar a garrafa.O bem –bom dura pouco e,logo,logo ele volta para atender a freguesia.
O calor da tarde é forte,por volta das quatro horas todos estão fazendo a sesta,seu Plutarco chama novamente o garoto.Quer outra,mas, recomenda:
-Trás escondido prá essa gente não falar que sou bebum.Bebo um pouquinho para distrair,mas,essa gente não respeita ninguém.Trás embrulhada no jornal.Quem não gostar que se dane!
O menino vai,compra,embrulha,vem,entrega e sai.
Lá dentro a festa continua.
Cai a noite e perto das oito seu Plutarco vai fechar a loja.
Vem cambaleando,uma maçaroca de dinheiro nas mãos,fungando qual um gambá,ar desafiador  e chama o garoto.
-Tonico,vai no Olegário e trás duas garrafas.Da boa.Da de Santo Amaro.E nada de despiste.Deixa todo mundo ver.Ninguém tem nada com isso,bebo com meu dinheiro,eles que se f#*@&.
E batendo uma mão na outra:-Corre,moleque!








               VAMOS FAZER ABARÁ

- 500grs de feijão fradinho.
- Uma média de 6 folhas de bananeira, cortadas em quadrado médio.
- 2 Cebolas grandes,em pedaços.
- 250grs de camarão seco.
- 1 Colher (chá) de gengibre ralado.
Dendê a gosto; eu uso pouco, umas duas colheres.
Depois de tirar as cascas do feijão, passa no processador, juntamente com a cebola, o gengibre e um pouco de alho. Não esquecer o sal. Vai virar uma massa cor de creme, compacta e cheirosa. Então, misture carinhosamente o pó do camarão, que já deve ter sido processado bem fino, incorporando-o delicadamente à massa.
Daí, com o auxilio de uma colher de sopa, arrume a massa na folha da bananeira (alguns a escaldam antes, mas acho que fica mole), dobre a folha, como se fosse fazer um embrulho de presente, e cozinhe 30 minutos no vapor. As "baianas” costumam colocar os talos da bananeira no fundo da panela, como uma espécie de trempe, e acomodar, delicadamente, os abarás nesta trempe, com água suficiente para o vapor que vai cozinhá-los. Pronto: é só fazer o molho.
Passe o camarão seco no processador, depois frite a cebola no azeite até ficar mole, junte o camarão e a pimenta malagueta, e refogue por uns 10 minutos. Se precisar, coloque um pouquinho de água.
Aí você convida seu amor para jantar, prepara o clima, as cortinas de renda perfumadas de patchouli, a mesa com crisântemos numa toalha de renda, uma cachacinha de cabaço (se ele já tiver dobrado o cabo da boa esperança, melhor lhe dar o Pau da
Resposta). Deguste o abará com pimenta. Cada um começa a comer de um lado, saboreando sem pressa até que o abará acabe. Os lábios se encontram e, aí amiga, QUE LOUCURA!
Vem, a Bahia te espera!





               A MULHER DE ROXO

Uma mulher, vestida de roxo, com roupas longas, mantas compridas, um grande crucifixo e uma Bíblia na mão tornou-se um mito popular do Centro Histórico nos anos 1970. Sua vestimenta, seus acessórios e o modo como ficava nas ruas – sentada, sem conversar ou pedir esmola – suscitava na imaginação dos que a viam o ar de uma mendiga, de uma santa ou de uma louca. A mulher de roxo ficava próximo à loja Slopper, na Rua Chile, local onde as damas da sociedade baiana se reuniam para comprar roupas.

Alguns afirmam que ela se chamava Doralice, outros Florinda. Alguns afirmavam que ela ganhava as roupas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, outros que ela mesma costurava retalhos roxos e transformava-os em vestidos. Estórias sobre a vida e o por que daquela mulher está nas ruas está presente em livros, contos publicados em jornais e até em vídeo.

Segundo Anísio Félix, a Mulher de Roxo “apareceu nos anos 1960 na zona do Pelourinho, exatamente na casa de número 6 da Rua Gregório de Mattos, em um bordel conhecido como Buraco Doce. Ela era uma mulher muito bonita, cabelos negros longos, vestidos caros e jóias” (FÉLIX, 1995, p. 101). Depois passou a morar nas ruas.

Em alguns momentos a Mulher de Roxo perambulava pelo Centro Histórico vestida de noiva, com buquê, véu e grinalda. Com isso surgiu a lenda de que havia sido abandonada no altar, ou que era uma ex-freira expulsa por causa de um namorado, ou que tinha um filho que a rejeitava, que já havia sido muito rica, que era professora, e por tudo ou nada disso, tinha enlouquecido. Nada se sabe. O que se tem certeza é que em 1993 e por alguns anos a Mulher de Roxo esteve internada no Hospital Santo Antonio, organização das Obras Sociais de Irmã Dulce.


*Texto de Guiliana Kuark

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