LENDAS DA BAHIA:O MAJOR COSME DE FARIAS
Na adolescência eu o conheci já em idade avançada ,na casa do meu tio
Armando,que ele visitava frequentemente. Muito pouco sabia dele naquela época
,mas,fiquei impressionada com aquele negro de rosto forte,belos cabelos
brancos e trajado com a elegância de um
lorde inglês ,no seu terno impecavelmente passado a ferro ,provavelmente com
esparmacete ,que fazia brilhar o terno de linho HJ, como os de meu pai.
Soube por meu tio que era major da
Polícia e rábula ,como eram chamados antigamente os credenciados
pelos juízes ,quando eram competentes”
para exercer a advocacia em primeira
instância” como narram suas
muitas biografias. Depois descobri que nunca fez parte da polícia ,e,muito menos foi major.
Como rábula escolheu o direito
criminal e fez muito sucesso ,libertou muitos negros pobres falsamente
acusados ,ou não ,como no conhecido caso
do sujeito que roubou “uns quinhentos cruzeiros “,alegando que era uma vítima
do processo social onde quem rouba 10 cruzeiros é ladrão,quem rouba milhões de
cruzeiros é barão”,como, -helá – até hoje.
Entre as centenas de casos e
“causos” contados sobre ele ,louvados
sua integridade, bom humor e
inteligência ,lembro-me de ter ouvido a história de um rapazola , negro
pobre acusado de ter estuprado a filha de um branco e rico
senhor. Ao descobrir a gravidez da garota que foi forçada a confessar quem era o pai ,a
moça apontou o negrinho que ,ás vezes vinha limpar o jardim.
A mãe do rapaz, desesperada, apelou
para o major,”a salvação dos pobres;”
-Vou ver dizia ele que nunca dava
grandes esperanças ás pessoas.
No júri,foi feita a descrição de
como tudo aconteceu;a moça disse que o rapaz tinha usado os dois braços para
subjuga-la e assim cometeu o estupro sem dar a ela nenhuma forma de defesa
Assim falou o Major:-Se ele agarrou
a senhorita com os dois braços quem guiou o ceguinho?
O rapaz foi inocentado.
Mas,seu maior triunfo foi ter
derrotado uma sumidade do direito,Caio Monteiro de Barros que exportaram de São
Paulo para provar uma acusação de
homicídio perpetrado pelo estivador José
Heliotério contra um jovem muito rico
filho de um empresário ligado ás docas.
O famoso bacharel começou a defesa
escorregando numa conjugação errada do verbo supor e,isso o fez cair do cavalo.
Cosme, o baiano, corrigiu o sujeito
em público e ainda disse:-O senhor não
domina a língua portuguesa quanto mais um livro de leis ,enquanto ele ,um rábula semi
-analfabeto criou e era presidente da
Liga Baiana Contra o Anafalbetismo.
O historiador Cid Teixeira afirma
que o paulista recolheu os cacos e abandonou o caso.
Numa outra situação na defesa de um réu culpado ele mostrou o
fato do homem ser um pobre negro analfabeto e,portanto,uma vítima da sociedade.
Em dado momento,em pleno júri ele
começou a se agachar diante do juiz,júri e advogados ,como se tivesse perdido
alguma coisa ,então o j
juiz,agoniado perguntou:
-Procura alguma coisa senhor
rábula?
E ele disse:-Sim,a justiça que
parece anda sumida nesta casa.
Ganhou o caso.
Muito mais,quilômetros de palavras
poderia ser contado deste homem que foi personagem de Jorge Amado,aqui em Salvador tem um bairro enorme com seu nome
e a criação do ,hoje,Hospício Juliano Moreira,antiga Casa de Correção;ele não
gostava desse nome pois acreditava ,como
Rousseau,que o homem nasce bom ,a sociedade o perverte.
Mas,o assunto é longo,voltaremos a
ele.
Pois é,na Bahia de outrora tínhamos
pessoas deste porte.Cosme de
Farias,Otávio Mangabeira na política, Simões Filho,no jornalismo,Anísio
Teixeira,na educação;e,hoje o que nos resta?-O Aras!
Triste Bahia,né Gregório de Matos?
QUER CONHECER MELHOR A BAHIA?
ALGUNS LIVROS QUE PODEM LHE AJUDAR
ELVINO ALMIR TOSTA
DO MESTRE MANOEL QUIRINO
BEM,MUITO HÁ DE SE FALAR SOBRE A BAHIA,CANTAR A BAHIA,DEGUSTAR A BAHIA.
TERRA DE TODOS NÓS!
2 DE JULHO DE 1823
INDEPENDÊNCIA DA BAHIA
ODE AO 2 DE JULHO
CASTRO ALVES
Era no dois de julho. A pugna imensa
Travara-se nos cerros da Bahia…O anjo da morte pálido cosia
Uma vasta mortalha em Pirajá.
"Neste lençol tão largo, tão extenso,
"Como um pedaço roto do infinito…
O mundo perguntava erguendo um grito:
"Qual dos gigantes morto rolará?!…"
Debruçados do céu… a noite e os astros
Seguiam da peleja o incerto fado…
Era a tocha — o fuzil avermelhado!
Era o Circo de Roma – o vasto chão!
Por palmas – o troar da artilharia!
Por feras – os canhões negros rugiam!
Por atletas – dous povos se batiam!
Enorme anfiteatro — era a amplidão!
Seguiam da peleja o incerto fado…
Era a tocha — o fuzil avermelhado!
Era o Circo de Roma – o vasto chão!
Por palmas – o troar da artilharia!
Por feras – os canhões negros rugiam!
Por atletas – dous povos se batiam!
Enorme anfiteatro — era a amplidão!
Não! Não eram dois povos, que abalavam
Naquele instante o solo ensanguentado…
Era o porvir – em frente do passado,
A Liberdade – em frente à Escravidão,
Era a luta das águias — e do abutre,
A revolta do pulso – contra os ferros,
O pugilato da razão — com os erros,
O duelo da treva – e do clarão!…
Naquele instante o solo ensanguentado…
Era o porvir – em frente do passado,
A Liberdade – em frente à Escravidão,
Era a luta das águias — e do abutre,
A revolta do pulso – contra os ferros,
O pugilato da razão — com os erros,
O duelo da treva – e do clarão!…
No entanto a luta recrescia indômita…
As bandeiras — como águias eriçadas —
Se abismavam com as asas desdobradas
Na selva escura da fumaça atroz…
Tonto de espanto, cego de metralha,
O arcanjo do triunfo vacilava…
E a glória desgrenhada acalentava
O cadáver sangrento dos heróis!…
As bandeiras — como águias eriçadas —
Se abismavam com as asas desdobradas
Na selva escura da fumaça atroz…
Tonto de espanto, cego de metralha,
O arcanjo do triunfo vacilava…
E a glória desgrenhada acalentava
O cadáver sangrento dos heróis!…
Mas quando a branca estrela matutina
Surgiu do espaço… e as brisas forasteiras
No verde leque das gentis palmeiras
Lá do campo deserto da batalha
Uma voz se elevou clara e divina:
Eras tu— Liberdade peregrina!
Esposa do porvir-noiva do sol!…
Surgiu do espaço… e as brisas forasteiras
No verde leque das gentis palmeiras
Lá do campo deserto da batalha
Uma voz se elevou clara e divina:
Eras tu— Liberdade peregrina!
Esposa do porvir-noiva do sol!…
Eras tu que, com os dedos ensopados
No sangue dos avós mortos na guerra,
Livre sagravas a Colúmbia terra,
Sagravas livre a nova geração!
Tu que erguias, subida na pirâmide,
Formada pelos mortos de Cabrito,
Um pedaço de gládio — no infinito…
Um trapo de bandeira — n'amplidão!…
No sangue dos avós mortos na guerra,
Livre sagravas a Colúmbia terra,
Sagravas livre a nova geração!
Tu que erguias, subida na pirâmide,
Formada pelos mortos de Cabrito,
Um pedaço de gládio — no infinito…
Um trapo de bandeira — n'amplidão!…
HERÓIS DA INDEPENDÊNCIA
GRANDES NOMES DA BAHIA
DONO DO FAMOSO "CANTINA DA LUA",SITUADO NO CENTRO HISTÓRICO,CLARINDO SILVA,UM ÍCONE BAIANO
ANTONIO CEDRAZ,CRIADOR DA" TURMA DO XAXADO",INESQUECÍVEL!
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OBRIGADA, IOIÔ, QUEM GOSTA ,TORNA!
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