O Apaixonado
Luas, marfins, instrumentos e rosas,
Traços de Dúrer, lampiões austeros,
Nove algarismos e o cambiante zero,
Devo fingir que existem essas coisas.
Fingir que no passado aconteceram
Persépolis e Roma e que uma areia
Subtil mediu a sorte dessa ameia
Que os séculos de ferro desfizeram.
Devo fingir as armas e a pira
Da epopeia e os pesados mares
Que corroem da terra os vãos pilares.
Devo fingir que há outros. É mentira.
Só tu existes. Minha desventura,
Minha ventura, inesgotável, pura.Jorge Luis Borges, in “História da Noite”
Traços de Dúrer, lampiões austeros,
Nove algarismos e o cambiante zero,
Devo fingir que existem essas coisas.
Fingir que no passado aconteceram
Persépolis e Roma e que uma areia
Subtil mediu a sorte dessa ameia
Que os séculos de ferro desfizeram.
Devo fingir as armas e a pira
Da epopeia e os pesados mares
Que corroem da terra os vãos pilares.
Devo fingir que há outros. É mentira.
Só tu existes. Minha desventura,
Minha ventura, inesgotável, pura.
Venho agradecer sua honrosa visita à Egrégora: Carrancas Literárias e deparo-me com Borges, um enciclopedista e mestre da prosa fantástica em textos curtos. O momento foi realmente oportuno.
ResponderExcluirUm fraterno abraço
Bem vindo ao meu cantinho,Luiz.
ResponderExcluirO"mago" Borges pé um dos meus favoritos.
Procuro sempre deixar um espaço aberto aqui para os notáveis.
Obrigada pela visita. Abç