SE ESSA RUA FOSSE MINHA!...
O BAIRRO DE PIATÃ
Dizem os antigos que o bairro de
Piatã herdou o nome de uma fábrica que havia por lá.
Os bairros de Amaralina e
Itapuã eram conhecidos,desde a época
colonial,como São Tomé.E, foi ali que o Hebert Rocha Vaz ,amigo pessoal da
nossa família,instalou sua fábrica de óleo, a Olerífera Piatã; ele já tinha
muita experiência como industrial e quem escolheu este nome foi o Frederico
Edelweiss,que além de importante nome na sociedade da época ,era tupinòlogo e
empresário rico e de sucesso.
Pois o nome vem do tupi e
significa persistente,obstinado,o pé de boi.Como ,aliás,devem ser os
empresários ,na Bahia,terra de todos nós,mas,apenas uns poucos bem
sucedidos.Foi crescendo a cidade,a fábrica acabou,Rocha Vaz e sua esposa,a
elegante D. Nila, foram gozar da merecida aposentadoria,mas,ficou o bairro,que
tem uma das mais belas e procuradas praias de Salvador.
Tudo isso porque,o visionário ,o
homem acima do seu tempo,Rocha Vaz,acreditou na expansão da cidade.
Piatã,disse Edelweiss,,vem de pi-atã,o
pé firme,a fortaleza,o que não arreda pé.
O homem que bebe e joga,
Mulher que erra uma vez...
Cachorro que pega bode,
Coitadinhos deles três!...
LANÇAMENTOS
Nosso amigo baiucho Aurélio Schommer voou para Recife; é logo ali,pertinho,pertinho.
Vai lançar o seu livro,o Brasil
Vira – Lata,na Livraria Saraiva,e,certamente encantará os pernambucanos tão
amigos da cultura e com um vasto conhecimento da História do Brasil.
DÁ LICENÇA,IOIÔ,PARA PUBLICAR
TEU TEXTO?
O ELENILSON NASCIMENTO,ESTEVE NA
FLICA E FALOU SOBRE A MESA “TERRITÓRIOS
INTERIORES”.
O Brasil
encontrou a África na discussão da Mesa #10 "Territórios
Interiores", com os escritores José Eduardo Agualusa (*o
queridinho de Caetano e o qual Elenilson entregou
o seu livro“Diálogos Inesperados Sobre Dificuldades Domadas”, mas
até hoje não obteve um único comentário) e o simpaticíssimoUzodinma Iweala,
mediada por Rosel Soares.
Agualusa e Uzodinma discorreram sobre a necessidade
de escrever. Agualusa escreve por paixão pelo que faz e não persegue o statusde bestseller.
Para ele, a responsabilidade de mudar a vida das pessoas através das palavras
impressas é muito grande. Uzodinma disse que simplesmente precisa
escrever, pois essa necessidade o move.
As identidades, sua fluidez e as relações com outros países também foram comentadas pelos autores. Uzodinma explicou que se tivesse que escolher um lugar para chamar de origem, seria a Nigéria, e que tem vontade de viajar de motocicleta pela África. Agualusa:"Acho que a gente nunca deixa nosso lugar".
Sobre a crítica, Uzodinma explicou que já teve todo tipo de crítica, inclusive uma que di zia que seu livro pecava por ser generalista demais: "Não entendo! Meu livro trata muito especificamente da Nigéria".
UZODINMA IWEALA
Identidades permanecem apesar das viagens e do aprendiz. Os sofrimentos da guerra têm seu valor para a Literatura, apesar da dor e do sofrimento que causam. Os autores repudiam a guerra e a matança, mas reconhecem nessa complexa maneira humana de se relacionar uma fonte de inspiração.
Rosel provocou Agualusa, perguntando sobre uma utopia dele, a de que houvesse pontes em vez de barreiras policiais nas fronteiras. Os autores então falaram sobre polícia, violência e relações internacionais, medo... Agualusa disse que enquanto tivermos medo de polícia, seremos terceiro mundo. Uzodinma disse que não tem medo da polícia, e que nos Estados Unidos a política de intervenção está numa fase importante, por causa das eleições presidenciais.
A mesa é conduzida para o assunto do estereótipos: aqueles sobre a África e em geral, sobre o Brasil. Embora algumas ideias sejam verdadeiras, é preciso ter cuidado ao tratar de pressupostos. Uzodinma: "A questão é criar lugares e discussões em que as pessoas possam discutir, e não só dizer que algo é certo ou errado".
As identidades, sua fluidez e as relações com outros países também foram comentadas pelos autores. Uzodinma explicou que se tivesse que escolher um lugar para chamar de origem, seria a Nigéria, e que tem vontade de viajar de motocicleta pela África. Agualusa:"Acho que a gente nunca deixa nosso lugar".
Sobre a crítica, Uzodinma explicou que já teve todo tipo de crítica, inclusive uma que di zia que seu livro pecava por ser generalista demais: "Não entendo! Meu livro trata muito especificamente da Nigéria".
Identidades permanecem apesar das viagens e do aprendiz. Os sofrimentos da guerra têm seu valor para a Literatura, apesar da dor e do sofrimento que causam. Os autores repudiam a guerra e a matança, mas reconhecem nessa complexa maneira humana de se relacionar uma fonte de inspiração.
Rosel provocou Agualusa, perguntando sobre uma utopia dele, a de que houvesse pontes em vez de barreiras policiais nas fronteiras. Os autores então falaram sobre polícia, violência e relações internacionais, medo... Agualusa disse que enquanto tivermos medo de polícia, seremos terceiro mundo. Uzodinma disse que não tem medo da polícia, e que nos Estados Unidos a política de intervenção está numa fase importante, por causa das eleições presidenciais.
A mesa é conduzida para o assunto do estereótipos: aqueles sobre a África e em geral, sobre o Brasil. Embora algumas ideias sejam verdadeiras, é preciso ter cuidado ao tratar de pressupostos. Uzodinma: "A questão é criar lugares e discussões em que as pessoas possam discutir, e não só dizer que algo é certo ou errado".
Poesia baiana
PEDRO KILKERRY
Nasceu em Santo Antonio de Jesus, Bahia. Não chegou
a publicar livro em vida, sua obra foi disseminada em jornais e revistas, até
ser recolhido na antologia Panorama do movimento simbolista
brasileiro (1952), de Andrade Muricy. Considerado por Augusto de Campos
como um dos precursores de nossa modernidade, é reconhecido na Re-visão
de Kilkerry (1970).
“O metro é livre, vivamo-lo” KILKERRY
“Na verdade, mais do que o exotismo de uma personalidade invulgar, Kilkerry traz para o Simbolismo brasileiro um sentido de pesquisa que lhe era, até então, estranho, e uma concepção nova, moderníssima, da poesia como síntese, como condensação; poesia sem redundâncias, de audaciosas crispações metafóricas e, ao mesmo tempo, de uma extraordinária funcionalidade verbal, numa época em que o ornamental predominava e os adjetivos vinham de cambulhada, num borbotão sonoro-sentimental que ameaçava deteriorar os melhores poemas.” AUGUSTO DE CAMPOS [in Re-visão de Kilkerry. São Paulo: Fundo Estadual de Cultura, s.d., p. 11]
“Tem Kilkerry essa qualidade rara, na poesia brasileira, que é a invulnerabilidade ao pieguismo, ao sentimentalismo, frequentemente confundidos com a própria poesia pela crítica indígena. Tal virtude, aliás, parece ínsita à personalidade do poeta. Pelo menos esse é o testemunho de Jackson Figueiredo:” Pobre como talvez nenhum dos que compunham aquele grupo de boêmios sentimentais, era, em meio deles, o menos sentimental, mais esquivo a lamúrias e queixas.”” AUGUSTO DE CAMPOS (obra citada p. 27)
O MURO
Movendo os pés
doirados, lentamente,
Horas brancas lá vão, de amor e rosas
As impalpáveis formas, no ar, cheirosas.. . .
Sombras, sombras que são da alma doente!
E eu, magro, espio...
e um muro, magro, em frente
Abrindo á tarde as órbitas musgosas
— Vazias? Menos do que misteriosas —
Pestaneja, estremece. . . O muro sente!
E que cheiro que sai
dos nervos dele,
Embora o caio roído, cor de brasa,
E lhe doa talvez aquela pele!
Mas um prazer ao
sofrimento casa. . .
Pois o ramo em que o vento á dor lhe impele
É onde a volúpia está de urna asa e outra asa.
. .
Sobre um mar de rosas que arde
Sobre um mar de rosas que arde
Em ondas fulvas, distante,
Erram meus olhos, diamante,
Como as naus dentro da tarde.
Asas no azul, melodias,
E as horas são velas fluidas
Da nau em que, oh! alma, descuidas
Das esperanças tardias.