domingo, 29 de janeiro de 2012

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

TRADIÇÕES DA BAHIA: LAVAGEM DO BONFIM “QUEM TEM FÉ VAI A PÉ...”




TRADIÇÕES DA BAHIA: LAVAGEM DO BONFIM
“QUEM TEM FÉ VAI  A  PÉ...”
TUDO começou com uma ameaça de naufrágio e uma promessa.Sacudido por uma tempestade e á beira de um naufrágio,o Capitão Teodósio Rodrigues de Farias invocou o Sr. do Bonfim e prometeu construir uma Igreja,se fosse salvo.Não deu outra,pois,o santo não falha.
Chegando são e salvo á Bahia,o Capitão cumpriu a palavra;mandou fazer uma imagem de 1.06cm,em cedro,réplica perfeita da original em Setúbal e pediu autorização á Santa Sé para construir uma igreja,numa colina na Cidade Baixa,para onde levou a imagem,que estava na Igreja da Penha,na Ribeira,bairro próximo.
Começou assim a devoção que reina soberana desde 1745 até os nossos dias.É a maior festa popular da Bahia;estende-se quase todo o mês de janeiro com suas novenas,ternos,missas campais e a lavagem das escadarias da Igreja,  na segunda quinta-feira do mês de Janeiro.


A tradicional Lavagem deve sua criação ao preconceito reinante nesta cidade no inicio do século XX,quando a Igreja Católica e a elite branca não permitia  o culto dos negros e até os perseguia,sem dó,nem piedade.
Acontece que,no culto afro,Sr. do Bonfim é Oxalá,o maior de todos os orixás e precisava ser festejado,com a lavagem do seu templo na Colina,segundo o ritual,com água perfumada  de flores brancas e alfazema:eram as águas de Oxalá.O clamor pela proibição foi tamanho que a Igreja cedeu um pouco; ”o povo de santo” lavaria o adro e as escadarias,enquanto o templo permaneceria fechado.
O cortejo sai do Comercio,geralmente no meio da manhã,da Igreja de N.Sra .da Conceição da Praia e um mundo de gente ,moradores,turistas,adeptos ou não da religião africana,políticos que querem “sair bem na foto”,milhares de pessoas vestidas de branco,cavaleiros,carroças enfeitadas,o  afoxé “Filhos de Ghandi”,esparzindo perfume de alfazema no meio da multidão,jornalistas daqui e d’além,percorre os 8 km e sobem a colina para assistir á festa.
Gente de todo lugar.”eu vim de Ilha de Maré,minha senhora.prá fazer samba na Lavagem do Bonfim”,cantava Batatinha,sambista de escol.



Cerca de 500 baianas vestidas de branco,com seus trajes engomados e rendados cheirando a patchulí,distribuem banho de cheiro aos passantes,para tirar as ziquiziras e afastar o mau-olhado.
Fitinhas de Sr. Bonfim,chamadas “medidas”são distribuídas ás mancheias para todos que têm um sonho secreto e esperam concretizá-lo;deve-se dar três nozinhos enquanto se faz três pedidos e deixar no pulso,sem nunca tirar;quando a fitinha rasgar o pedido será atendido,tão certo como dois e dois são quatro.

A “medida”tem exatos 63 cm,distancia da chaga do peito de Cristo até Sua mão esquerda.Coloridas e belas trazem felicidade.


Por todo o Largo e subindo a Colina,  barracas de comida e bebida distraem e alimentam os passantes;é o acarajé dourado,o oloroso abará,o efó,o vatapá,ouro líquido,o caruru perfumado,é o mistério ,a cor e o cheiro desta cidade mágica cheia de ritmos e axé ,onde é impossível ser infeliz.


Durante todo o trajeto,canta-se com emoção ,o Hino ao Senhor do Bonfim,música de Péthion de Villar e letra do poeta Arthur de Sales,da qual tenho a honra de ser sobrinha-neta.
Hoje estarei lá,de branco,reverenciando o maior orixá da Bahia,fazendo meus pedidos e tomando banho de cheiro,para  limpinha,levinha,com a alma perfumada e feliz ,seguir o meu destino.Como todos!
“Andá com fé eu vou,qui a fé nun custuma faia...”
Que as bênçãos de Oxalá tragam paz ao mundo!





 ORAÇÃO DO SENHOR DO BONFIM
 Meu Sr. Do Bonfim,acho-me na Tua presença,humildemente,para receber de Ti,todas as graças que quiseres me dispensar.
Perdoai-me,Senhor,por todas as faltas que porventura eu tenha cometido por obra ou pensamento.Fazei-me forte para vencer todas as tentações e malfeitos do inimigo.
Que o sagrado Orixá Ogum corte com sua espada todos os males que de mim se acercarem.
Que Yemanjá,Raínha do Mar,com a Tua proteção,leve sob grilhões para o fundo do mar toda a inveja que sobre mim,recair;Que Oxum leve consigo todas as lágrimas que eu tenha a chorar,para nunca o desespero ou a desgraça me alcançar;Que Ossanha afaste de mim todas as tempestades para os ventos da bonança me trazerem prosperidade;Que toda a fortuna do mundo possa chegar aos meus pés,com a proteção do grande orixá Oxum-Maré;Que Xangô do alto da sua Santa Pedreira solidifique todos os bens que eu alcançar.
Salve o Sr. do Bonfim,salve todos os orixás,que me protejam na vida,para nada me faltar.



DIA 12 DE JANEIRO,QUINTA FEIRA
TODO MUNDO LÁ!

ELA ME DISSE...

Conheci primeiro a obra de Míriam, meio por acaso, estava esperando
para falar com a  Chefe de Gabinete da empresa em que trabalho  e na
sala de espera tinha um folheto da Perini com uma história muito
interessante da sua autoria, logo depois a conheci no "Fala Escritor".
Esta entrevista está uma delícia de ler,o maior barato,
divertida,simples,direta como Mírian, diz tudo que é preciso dizer de
uma forma muito bacana, Achei uma pérola "Escrever é um ato solitário
como a masturbação", comigo também só funciona assim nos dois casos
rsrsrrsr. Você merece cada um de seus leitores, continue firme e
forte!

Rosana Paulo,autora   08:36 (1 hora atrás)




Miriam de Sales
Visitei o A Bahia de Outrora.  E tenho que te dizer: gosto muito da maneira que você escreve e gosto muito dessa pessoa alegre, culta, inteligente e bonita que você é. JÁ VI QUE VOCÊ NÃO FOI MOLDADA PELO INVEJOSO DE SÃO PEDRO.
 Seu blog A BAHIA DE OUTRORA é MASSA! MARAVILHOSO! SUPIMPA!  Nele, pude sanar minha curiosidade em saber o  porque de quem nasce em Salvador é chamado de  soteropolitano.
Miriam, você conta casos verdadeiros e fictícios  com tamanha naturalidade e maestria que dá gosto de ouvir e ler. Se quiser, pode postar no A Bahia de Outrora esta opinião e elogio. VOCÊ MERECE!
Um beijo bem grande.
De sua amiga,
Nildes Trigueiros
Diretora Adjunta do Cepa , membro da Academia de Cultura da Bahia e escritora de literatura